Houve tempo em que as pessoas
tinham mais tempo.
Quando perguntávamos a um
transeunte "onde é que ficava"
uma rua, por exemplo, com muita frequência, o cidadão começava uma explicação e
acabava por dizer:
-
Peraí, eu te levo lá.
Hoje, o mundo não dá mais espaço
para tanta gentileza. Não por falta da gentileza... é mesmo por falta de tempo
e também de "ter tempo"
para olhar o outro como reflexo de nós mesmos.
Vim para casa, pensando nisso,
justamente porque eu tinha acabado de levar um transeunte a uma rua meio
escondida e pouco conhecida de Copacabana. Ele ficou tão agradecido que até
estranhei:
-
Muito, muito obrigado. Hoje em dia não se faz mais dessas coisas!
Hoje em dia...
O cidadão tinha mais ou menos a
minha idade. Com certeza, ele participara do "ontem em dia", quando isso era mais comum.
Entendo perfeitamente as
exigências da vida moderna. É... não dá mais tempo para você levar um
transeunte no lugar que ele deseja... parece que os dias não tem mais tantas
horas quantas as necessárias para nossos afazeres.
Na verdade, nem me refiro ao
simples gesto de acompanhar um transeunte a seu desconhecido local de destino.
Não, não é isso... aliás... longe disso...
E... do "onde é que fica a rua" para o "onde é que fica a nossa alma", foi um pulo de pássaro em
minha mente...
E vim fazendo companhia a minha
alma, nessa urbe volumosa, onde não temos mais tempo sequer para olharmos no
espelho de nós mesmos, devagar, todos os dias, como necessário.
6 comentários:
Saudades dessa época...
Adorei! "Ontem em dia, eramos mais suaves e nossas almas não faziam dieta"
É verdade!!!
É mesmo... uma das coisas que me fez sentir bem vinda em Veneza foi exatamente a gentileza de uma moça, que, quando perguntei a direção da rua do meu hotel, ela saiu do seu caminho e me levou até lá. Gentileza igual a que você fez. E eu sempre tento fazer o mesmo.
Também adorei o "ontem em dia"!
Celina, em Veneza, se a pessoa não leva, não tem como explicar rsrsrs
Há poucos "ontem em dia" dos quais tenho saudades... este é um deles.
Adoro seus comentários!
Verdade... como, muitas vezes, nos distanciamos de nossas almas!!
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