Aposentada em 2003, finalmente poderia
me aprofundar em minha nova profissão como terapeuta complementar, com
especialidade em Reiki.
Fizera o meu primeiro
"mestrado" em Reiki, em 1998, mas como ainda trabalhava na
Universidade, tinha muito pouco tempo para dedicar-me a esses estudos.
A partir de 2003, no entanto, estava
disposta a fazer com o Reiki tudo que fizera com Linguística: estudar e me
dedicar profundamente. Comecei fazendo vários cursos e iluminando as
prateleiras de minha sala de estudos com os mais diversos livros sobre o
assunto.
Foi quando me deparei com os livros de
Frank Arjava Petter, mestre alemão. Apaixonei-me imediatamente pelo estilo,
seriedade e conhecimento com que tratava o assunto, como ocorre quando um
alemão resolve se dedicar a qualquer tipo de estudo.
Pela minha mente passou, com a leveza do
desejo sincero, mas sem maiores expectativas, a vontade de conhecê-lo e fazer
cursos com ele. Mas era só um sonho, que se acalenta uma vez, num minutinho
perdido da vida. Ele dava cursos na Europa, em alemão e em inglês. Alemão, nem
pensar, língua belíssima, mas da qual não consigo ler nem capa de revista. E
não tenho inglês suficiente para fazer um curso em profundidade contando só com
essa língua. Que pena. Foi apenas o desejo de um segundo.
Mas dizem que, quando a gente diz
ou pensa algo e existe uma força
interior intensa, se calha de um anjo do céu dizer "amém", a coisa
acontece. Eu ouvia isso, quando pequena, lá no colégio das freiras, ameaçando-nos
em nossos desejos e pensamentos.
Eu nunca acreditei e, por isso mesmo,
apesar dos "avisos ameaçadores", não me lembro de ter ficado vigiando
pensamento algum.
Mas... se esse anjo existe, quando
pensei no Petter como meu mestre, o tal anjo disse "amém".
Conto como foi:
Em maio de 2004, recebi um mail e até
hoje fico me perguntando de quem, pois não sei como caiu na minha caixa postal.
Era uma chamada para um curso de "mestrado" de Reiki, com Arjava Petter, em Buenos Aires, 22
vagas. Detalhe:
tradução consecutiva para espanhol. Que maravilha, um presente dos deuses! Eu
estaria exposta às duas línguas e como a tradução era consecutiva, poderia
ouvir diretamente em inglês e "conferir" com o espanhol. Melhor do
que isso, só se fosse verdade.
Escrevi imediatamente para a
organizadora do curso. Infelizmente, vagas preenchidas. Perguntei se eu poderia
ficar na fila. Sim, poderia, mas as chances eram mínimas. Havia muitos com o
mesmo intuito.
Quis ficar mesmo assim. Estávamos em
maio e o curso era em novembro. Afinal, o mail caíra na minha caixa postal...
não era para se desperdiçar. Por via das dúvidas, disse a ela que, se ele
voltasse a Buenos Aires, em outra
ocasião, independente de mês ou ano, eu já estaria me inscrevendo. E passei a
escrever-lhe todos os domingos, só para que não se esquecesse de meu interesse.
Num desses domingos, após ler os mails,
desliguei o computador, vesti minha roupa de praia para ir à minha "missa
carioca" e, quando já estava de saída, me lembrei:
-
Chi... não escrevi para a Marita... não faz mal, escrevo na volta.
Saí, tranquei a porta, mas um pensamento
rebelde me cutucava:
-
Vai lá, escreve logo, depois você sai.
Ai... estou perdendo o meu sol... mas
acabei cedendo, abri a porta, liguei novamente o computador e escrevi o mesmo
mail de sempre:
-
Olá, Marita, como está? Estou escrevendo para saber se já consegui andar mais
um pouquinho na fila de espera.
Por coincidência, ela estava on line e
me respondeu imediatamente:
-
Tem de ser você. Pode se inscrever.
Parecia um chat. Respondi imediatamente:
-
Por quê? Chegou a minha vez?
Achei muito estranho, pois, no domingo
anterior, havia muitos na minha frente. Mas veio, igualmente, uma resposta
pronta:
-
Eu não discuto com evidências. Acaba de haver uma desistência e, na linha
seguinte da minha caixa postal, entrou o seu mail. A vaga é sua.
Fiquei olhando para a tela estatelada.
As esperanças eram tão poucas que eu nem estava preparada financeiramente. Mas
não poderia perder a oportunidade que caía nas minhas mãos!
-
Você pode esperar por 24 horas para eu conseguir a passagem e te responder?
-
Sim.
Saí dali aos trancos, peguei meus
direitos de milhas aéreas e me mandei para a VARIG, uma agência que existia bem
perto de casa. Esperei ansiosa com minha senha nas mãos.
-
Quero trocar minhas milhas por uma passagem de ida e volta a Buenos Aires, em
novembro.
O atendente verificou o sistema. Para os portadores de milhas, eles ainda tinham vaga para um dia antes de começar o curso e volta dois dias depois.
O atendente verificou o sistema. Para os portadores de milhas, eles ainda tinham vaga para um dia antes de começar o curso e volta dois dias depois.
-
Quero, respondi ao mesmo tempo aflita e aliviada.
Voltei para casa voando:
-
Marita, consegui a passagem, mas ainda
não tenho o dinheiro para pagar o curso. Quanto tempo você me dá?
Estávamos em agosto e ela estava
recebendo meus mails dominicais desde maio.
-
Depois disso tudo, pode me pagar quando chegar aqui. Em dólares.
Eu nem acreditei. Ela nem me conhecia!!!
Eu não podia imaginar que esse era o primeiro momento de uma grande amizade que
marcava seu ponto ali.
De agosto a novembro, tinha de arranjar
dinheiro suficiente para fazer o curso, pagar estadia e me alimentar.
Tudo bem. Deixei chegar o final de
outubro, vendi o carro e fui.
Encontrei um grande mestre, depois de
tantos outros pelos quais eu já havia passado, num número de cursos sem conta
que já fizera até ali.
Arjava Sensei é meu mestre de Reiki, até
hoje. De lá para cá, voltei várias vezes a Buenos Aires por causa dele. Consegui, no entanto, convencê-lo a vir ao Brasil e arranjei um
organizador de cursos. Ele veio de 2006 a 2011.
Assim, de 2004 até 2011, vi-o todos os
anos, bebendo de sua sabedoria.
Em 2010, vi-o duas vezes: uma vez na
Colômbia - desta vez, não precisei vender outro carro - e outra no Brasil.
Na Colômbia, em maio, tive o privilégio
de fazer o curso com ele e Tadao Sensei, seu mestre (!).
Foi também o ano em que me tornei Shihan, pelas mãos de Arjava Sensei, aqui no Brasil, em setembro.
Foi também o ano em que me tornei Shihan, pelas mãos de Arjava Sensei, aqui no Brasil, em setembro.
Os encontros só foram interrompidos em
2011, porque ele não veio à América do Sul e em 2012, porque sua vinda ao
Brasil foi suspensa na última hora e não deu tempo de alcançá-lo em Buenos
Aires. Mas... deste ano, não passo. Sei que irá a Buenos Aires. Se não vier ao
Brasil, já estou com minha bússola voltada para lá.
Se, naquele domingo, eu não tivesse
voltado para escrever o mail, provavelmente não teria feito o curso... e minha
vida, talvez, tivesse sido completamente diferente de lá para cá!
Quando tem de ser...
Obs.: Em Reiki, Shihan é o termo que designa o
instrutor com licença de dar cursos para formação completa de terapeutas. Neste caso,
representantes do Instituto de Jikiden Reiki, do Japão.
6 comentários:
"A vida vem em ondas como o mar.
Num indo e vindo infinito."
A próxima onda será sua.
(Sorriso)
quando tem que acontecer o universo conspira a favor...parabéns pelo post, blog, mas principalmente por sua historia de vida...mto legal..
Jecale, tomara!
Ademir, obrigada pela visita. Também visitei o seu. Muito bom, parabéns!
Quando desejamos algo intensamente temos que deixar as leis cósmicas atuarem naturalmente. A ansiedade atrapalha todo o processo. Ainda bem que você não vigiou seus pensamentos.Um belo conto.
Que grande encontro este!
Estava escrito esse presente para você> E com sua sensibilibdade, soube escutar a mensagem!
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