sábado, 5 de outubro de 2013

LÁ LONGE (Paris 2)



Os dias vão passando e me vejo, ainda, sorrindo pelas ruas, me lembrando disso ou daquilo,  dessas férias abençoadas em Paris.

Outro dia, passeando pelo calçadão, na ponta de lá da praia de Copacabana, avistei, na ponta do lado de cá, o monte do Forte do Leme, com sua bandeira altaneira, plantada no alto do mirante. E pensei: "já fui lá"...

 É meio meu ver algo lá longe e dizer: "um dia, vou lá." 

Foi assim com La Grande Arche de la Défense - na verdade, La Grande Arche de la Fraternité. Mas ninguém o chama assim. Plantado na região conhecida como La Défense, não existe nome de batismo que resista ao apelido ("a voz do povo é a voz de Deus"). Ficou Arche de la Défense mesmo e, se algum desavisado tentar perguntar onde fica o "Grande Arco da Fraternidade", é bem provável que o parisiense fique olhando para ele com "cara de parede", sem saber do que se trata.O monumento me pegou pela distância, assim como a bandeira do Forte do Leme: "um dia, eu vou lá". E foi dessa vez. Não sem antes ler a respeito, é claro, pois essas coisas, para curtir até o fundinho, a gente vai como quem visita um museu: 

"La Défense é o maior centro financeiro da cidade de Paris. Com uma população de 20.000 habitantes aproximadamente, é centrado em um circuito oval de auto-estradas no departamento de Alto do Sena, nas comunas de Nanterre, Courbevoie e Puteaux. O distrito está na extremidade ocidental de Paris, ao longo do Eixo Histórico, que começa no Louvre, no centro de Paris, e continua ao longo da Champs-Élysées, através do Arco do Triunfo, até culminar em La Défense.Com o Grande Arco, com cerca de 110 metros de altura, a área abriga muitos dos maiores e mais altos edifícios da área urbana de Paris. Com 314.000 m², seus 72 edifícios de vidro e aço, incluem 14 arranha-céus acima de 150 metros, com 150.000 trabalhadores diários e 3,5 milhões de metros quadrados de espaços de escritórios, La Défense é o maior centro empresarial desenvolvido na Europa." (http://pt.wikipedia.org/wiki/La_Défense) 

Com essas informações básicas, peguei o metrô e desci duas estações antes, para ir curtindo, aos poucos, a chegada ao monumento. Queria vê-lo crescer aos meus olhos. Mas nem precisava. Ele já é imenso, mesmo de longe. Estava anoitecendo e esta parte da Paris moderna, construída com arranha-céus que nunca imaginei que pudessem combinar com Paris estava ali, como vitrine viva ao meu olhar. É diferente, completamente diferente. Se eu não tivesse saído de um metrô tipicamente parisiense, duvidaria que estaria na mesma cidade. 
 


Quando cheguei aos pés do monumento, vi o tamanho de minha pequenez. Ele é muito, muito maior do que eu podia imaginar. Uma escadaria de 54 degraus, divididos em três lances de 18 (terá isso algum significado não explicitado nos guias turísticos?) ainda o faz mais portentoso.



Mas... daí a concordar com a descrição da Wikipedia, de que o eixo histórico de Paris culmina com La Défense... já é uma questão de ponto de vista. 

Para mim, o eixo histórico culminou e sempre culminará com o Arco do Triunfo que, a meu ver,  vence o de  la Défense por sua estrutura, seu precioso bordado e suas esculturas impecáveis. Nada o sobrepuja, nem mesmo a grandiosidade de uma moderna Paris que ali se descortina.

Fiquei por ali, algum tempo, contemplando a nova cidade. Foi muito bom ter ido, ter visitado essa parte igualmente brilhante de Paris. De lá, pude ver, lá longe, o Arco do Triunfo e me sentir na outra ponta... no fundinho do eixo histórico da cidade.





No dia seguinte, passei pelo Arco do Triunfo, novamente. Meu olhar se estendeu distraído pela Avenida da Grande Armada, até alcançar La Arche de la Défense, bem ao longe, quase imperceptível.



Sorri: "Já fui lá"... 

No final da tarde, voltei para casa, pensando na parte nova da cidade e nas palavras que havia lido no livro de Lorânt Deutsch: 

"Assim, a cidade volta lentamente às suas origens... Lembremo-nos de que a Lutécia dos gauleses situava-se à margem do Sena, na localização da Nanterre atual. O século XXI talvez veja Paris voltar à Lutécia e encontrar, mais de dois mil anos depois, a curva do rio onde nasceu a cidade gaulesa."  (Lorànt Deutsch, do livro Próxima estação, Paris).   

Sorri novamente. E não pude furtar-me a acrescentar em pensamento:

E, para os saudosos das famosas leituras em quadrinhos de "Asterix, o gaulês", quem sabe, por entre as árvores e bosques que restam por lá, nessa França que guarda com cuidado suas tradições, vejamos as sombras de nosso herói, acompanhado de Obelix, caçando, ainda, seus javalis...

4 comentários:

João Carlos disse...

Legal.
Bom saber disso tudo, inclusive de que foi por lá que Asterix defendeu Lutécia.
Os 9 dias que fiquei em Paris foram insuficientes lá chegar.
Mas deixa estar que também um dia vou lá.
;-))


pblower disse...

Que bom a gente poder viajar!!!!!!
Que bom a gente ter olhos de ver!!!!!

Eulalia disse...

É... viajar onde os pés nos levam é muito muito bom!

Obrigada pela visita e comentários!!!

Celina disse...

Essa sensação é a maior recompensa. Ver com os nossos próprios olhos, aquilo que já pesquisamos, sabemos a história, fotos, como chegar, etc! É o momento da realização!
E apesar de ser completamente diferente da Paris que a gente ama, é emocionante: La Grande Arche...