sábado, 12 de outubro de 2013

12 DE OUTUBRO



Não. Não quero ser criança outra vez. Minha infância não me brindou com os melhores presentes. Mas... pensando bem, mesmo que tivesse brindado... não... não iria querer ser criança outra vez.

Vivi cada momento a seu tempo. Bons ou maus. E acho que os vivi bem, cada um a sua maneira, o melhor que pude, o melhor que me foi possível. Se alguém me perguntasse que idade eu gostaria de ter hoje, eu responderia:

- Nem um dia a mais nem a menos do que tenho hoje.

Não que eu não goste de crianças. Pelo contrário!!! Gosto muito!!! Vejo em cada sorriso sincero que elas oferecem a alegria que sinto, muitas vezes, em mim mesma; vejo a beleza do mundo contida num olhar vivaz, numa brincadeirinha sutil e cheia de graça; vislumbro também minha esperança em um futuro melhor para o mundo. Talvez seja a minha criança interior conversando com aquela criança. Não sei. E acredito, apesar de todos os indícios em contrário, num mundo melhor, vindo das mentes e das almas dessas crianças de hoje. Um mundo em que algo dentro de mim (a criança?) teima em acreditar e fortalecer em pensamento. E como as crianças sabem o que dizem ou o que pensam... melhor não fazer pouco delas...  um mundo restaurado e restabelecido, que ainda não podemos ver com os olhos concretos de hoje...

Se há uma criança interior, acho que a minha está bem brindada. E cuidada da melhor forma que meu projeto de mãe pôde conter. Cuido dela, sabendo que cuido do melhor que posso ser, pois também dela depende minha felicidade intrínseca de tantas pequenas (e grandes) coisas.

Mas não quero voltar. Nem anos, nem dias, nem minutos. Ela já está bem, dentro de mim. E eu estou bem, com meus vividos cabelos grisalhos. Eles me provam que o que vivi sabe buscar pela felicidade de hoje, sem a ingenuidade que me fez tropeçar em tantas "invicissitudes" do passado.

Meus cabelos grisalhos - que teimo e teimarei sempre em não esconder com as tintas maravilhosas dos salões de beleza -  denotam a experiência que me faz bem hoje, quando me olho no espelho, todas as manhãs. Eles me ensinaram a conversar comigo, com meus olhos, com meus sorrisos... e... quiçá... com minha criança interior, que se esconde em algum canto de mim.

É às crianças fofas que eu conheço, e também a essa criança 'de mim' que dedico minhas linhas de hoje. E não só a minha, mas... a todas as crianças interiores de todos os adultos que me cercam.

Feliz dia da criança, portanto, aos tiquinhos de gente... meus netinhos e netinhas do coração... mas... muito especialmente... às crianças de dentro dos adultos - amigos queridos - que sabem ser e viver o real e inefável encanto de ser adulto, sem deixar de saber ser criança, quando em vez.

Obs.: foto tirada por Francesca Pilo (Buttes Chaumont - Paris - 2013)

7 comentários:

pblower disse...

Minha criança interior saúda a sua criança interior e ambas, de mãos dadas, vamos sair por aí para brincar de roda. beijocas

Carlos Alberto disse...

Belo conto ! Sua criança interior sempre estará presente, seja no olhar cristalino ou na forma divertida como trata o cotidiano.
Feliz dia das crianças !

Eulalia disse...

Pat,
Adoro sair de maõs dadas com você!

Carlos
Saudemos a alegria de existirmos!

Obrigada pelos comentários!

Celina disse...

Demais! Sempre encontro sua cirança... naquele abraço apertado ou quando ela simplesmente escapole pelos seus olhos imensamente azuis...

nrtaddei disse...

Davi e eu estamos com saudades da sua criança e da sua adulta interior ;-)

nrtaddei disse...

Davi e eu estamos com saudades da sua criança e da sua adulta interior ;-)

Eulalia disse...

Muito bom e aconchegante ler comentários gostosos assim...