Não. Não quero ser criança outra
vez. Minha infância não me brindou com os melhores presentes. Mas... pensando
bem, mesmo que tivesse brindado... não... não iria querer ser criança outra
vez.
Vivi cada momento a seu tempo.
Bons ou maus. E acho que os vivi bem, cada um a sua maneira, o melhor que pude,
o melhor que me foi possível. Se alguém me perguntasse que idade eu gostaria de
ter hoje, eu responderia:
- Nem um dia a mais nem a menos
do que tenho hoje.
Não que eu não goste de crianças.
Pelo contrário!!! Gosto muito!!! Vejo em cada sorriso sincero que elas oferecem
a alegria que sinto, muitas vezes, em mim mesma; vejo a beleza do mundo contida
num olhar vivaz, numa brincadeirinha sutil e cheia de graça; vislumbro também
minha esperança em um futuro melhor para o mundo. Talvez seja a minha criança
interior conversando com aquela criança. Não sei. E acredito, apesar de todos
os indícios em contrário, num mundo melhor, vindo das mentes e das almas dessas
crianças de hoje. Um mundo em que algo dentro de mim (a criança?) teima em
acreditar e fortalecer em pensamento. E como as crianças sabem o que dizem ou o
que pensam... melhor não fazer pouco delas...
um mundo restaurado e restabelecido, que ainda não podemos ver com os
olhos concretos de hoje...
Se há uma criança interior, acho
que a minha está bem brindada. E cuidada da melhor forma que meu projeto de mãe
pôde conter. Cuido dela, sabendo que cuido do melhor que posso ser, pois também
dela depende minha felicidade intrínseca de tantas pequenas (e grandes) coisas.
Mas não quero voltar. Nem anos,
nem dias, nem minutos. Ela já está bem, dentro de mim. E eu estou bem, com meus
vividos cabelos grisalhos. Eles me provam que o que vivi sabe buscar pela
felicidade de hoje, sem a ingenuidade que me fez tropeçar em tantas "invicissitudes"
do passado.
Meus cabelos grisalhos - que
teimo e teimarei sempre em não esconder com as tintas maravilhosas dos salões
de beleza - denotam a experiência que me
faz bem hoje, quando me olho no espelho, todas as manhãs. Eles me ensinaram a
conversar comigo, com meus olhos, com meus sorrisos... e... quiçá... com minha
criança interior, que se esconde em algum canto de mim.
É às crianças fofas que eu
conheço, e também a essa criança 'de mim' que dedico minhas linhas de hoje. E
não só a minha, mas... a todas as crianças interiores de todos os adultos que
me cercam.
Feliz dia da criança, portanto,
aos tiquinhos de gente... meus netinhos e netinhas do coração... mas... muito
especialmente... às crianças de dentro dos adultos - amigos queridos - que
sabem ser e viver o real e inefável encanto de ser adulto, sem deixar de saber
ser criança, quando em vez.
Obs.: foto tirada por Francesca Pilo (Buttes Chaumont - Paris - 2013)
7 comentários:
Minha criança interior saúda a sua criança interior e ambas, de mãos dadas, vamos sair por aí para brincar de roda. beijocas
Belo conto ! Sua criança interior sempre estará presente, seja no olhar cristalino ou na forma divertida como trata o cotidiano.
Feliz dia das crianças !
Pat,
Adoro sair de maõs dadas com você!
Carlos
Saudemos a alegria de existirmos!
Obrigada pelos comentários!
Demais! Sempre encontro sua cirança... naquele abraço apertado ou quando ela simplesmente escapole pelos seus olhos imensamente azuis...
Davi e eu estamos com saudades da sua criança e da sua adulta interior ;-)
Davi e eu estamos com saudades da sua criança e da sua adulta interior ;-)
Muito bom e aconchegante ler comentários gostosos assim...
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