sábado, 24 de agosto de 2013

SE MEU CASACO FALASSE


 

Julho de 1977. Preparada para realizar um dos maiores sonhos de minha vida, arrumei as malas para visitar a Grécia. Por puro desencargo de consciência, joguei na mala um casaquinho comprado às pressas. Evidentemente que não foi necessário usá-lo para sustentar os 40 graus que enfeitam a Grécia nessa época do ano. Naquele ano, então, muito especialmente, foi um verão de rachar até para os gregos.

Dez dias depois, com meu coração morrendo de vontade de ficar muito mais, embarcamos, meu ex e eu, para Londres. No aeroporto, apressei-me o mais que pude para sair: que ar condicionado forte!!!

Mas... não era ar condicionado. Era aquilo mesmo a proposta de veraneio em Londres.  Santo casaquinho. Quando comentava com algum inglês sobre a cidade, só tive elogios a dar, mas com uma ressalva:

- O seu verão é muito inverno para mim.

Felizmente, a resposta que ouvia, me incitava a voltar em outra época:

- Está um pouco fresco para nós também.

De fato, quando fui a Londres, também no verão, em outra oportunidade, além do meu casaquinho, levei roupa um pouco mais pesada. O casaquinho, no entanto, foi mais do que suficiente.

Como voltei à Europa em alguns verões, entre as décadas de setenta e noventa, o tal casaquinho passou a fazer parte integrante da minha mala. Usei-o muito, evidentemente, dependendo da hora ou lugar.

Depois disso, a partir de 1990, quase o aposentei. Saiu de moda e passei a usá-lo só em casa.

O casaco, no entanto, parecia ter vida própria. Era só eu arrumar uma malinha e, pronto, quando me dava conta, ele estava lá dentro.

E acabou revivendo para o mundo, através de minha viagens. É engraçado como quase não o uso no cotidiano. Uso mais em casa e... em minhas viagens.

E quantas viagens ele viveu entre fugidas para descanso ou para trabalho (em palestras pelo Brasil e congressos no exterior, principalmente depois de 1995)!

Pensei nisso ontem, ao arrumar minha mala para minhas próximas férias de duas semanas, que começam amanhã. Quando me dei conta, pronto! Lá estava ele, bem dentro da mala, num canto que ele reservou, como cadeira cativa, para o teatro da vida!

Sem dúvida, ele nasceu aventureiro e pula para dentro da mala, ao menor sinal de viagem.

Ah... se meu casaco falasse... quantos contos ele teria para contar... E como está sempre em forma, nem aparenta a idade que tem! Eventualmente, quando o uso, alguém comenta:

- Que casaquinho lindo, como cai bem em você!

Aos 36 anos (mais da metade da minha idade!), permanecendo inteiro e cheio de vida, só posso concluir que é a aventura que lhe mantém o viço, a vontade singela de saber viver.

Vamos ver o que o aguarda, desta vez!

Quem sabe, se eu tiver um tempinho, ainda conto um pouco de lá mesmo. Caso contrário, me aguardem na volta com as novidades.


Obs.: Foto - eu e meu casaquinho entrando no Museu Britânico (1977 - foto de W. Fernandes).

3 comentários:

Celina disse...

Que ele te agasalhe todo feliz m mais uma vez. Que essas férias sejam marrravilhosas! À bientôt, querida!

pblower disse...

Esperei pra hoje para postar o comentário. Que vc e seu casaquinho curtam muito essas dias semanas e que vc encontre um calor todo especial ao longo de todo este tempo. beijocas

Eulalia disse...

Bom ler vocês. Andei vendo a temperatura por lá... vou precisar do casaquinho. Assim, ele trabalha.

À bientôt!
Merci!