domingo, 4 de agosto de 2013

DIAGNÓSTICO



Ok. Concordo. Virou nossa vida de cabeça para baixo. Bagunçou tudo por aqui. 

Quem mora ou trabalha em Copacabana sentiu na pele todo o desconforto que foi conviver, na semana passada, com o evento da JMJ. Um bairro apertado, com mais de um milhão de habitantes em seus 4 quilômetros de comprimento. Se todos os moradores resolvessem sair às ruas ao mesmo tempo, já teríamos um quadro de deslocamento inviável. Com tantos visitantes então...

Recebemos milhares de convidados jovens, num trânsito frequente, durante uma semana. E nem me refiro aos três milhões dos dois últimos dias. Refiro-me apenas às centenas de milhares que povoaram o bairro, andando o dia todo de cá pra lá e de lá pra cá. 

Sou moradora e também trabalho no bairro. Vivi o transtorno... mas... quer saber? Gostaria de ter uma JML por ano!...

Explico por quê: nosso bairro nunca esteve tão alegre e... também.... nunca esteve tão limpo! Não deveria ser o contrário? Pois não foi. 

No quesito limpeza, foram os dias mais limpos desde os primeiros anos que me mudei para cá. E fiquei intrigada com essa situação, até porque nas conversas que ouvia por aqui, moradores rabugentos (outros nem tanto...) comentavam:

- Isto vai ficar uma sujeira! Imagine! Cinco dias em ritmo de reveillon!

Acho que foi por causa disso que a limpeza me chamou a atenção. E como ia e vinha de casa para o consultório quatro vezes por dia, entre muitas coisas, o quesito limpeza acabou fazendo parte importante na observação retratada em minhas fotos.

Onde quer que eu fosse, de dia ou à noite, antes de os garis fazerem a sua ronda, ao contrário das expectativas da população local, o que eu percebia eram ruas e calçadas limpas!



 






Ao voltar do consultório, à noite, notava que o chão dava muito pouco trabalho aos garis



Embora o lixo fosse resultado do uso de milhares de pessoas por dia, eles se acumulavam nos lugares certos


 Dizem que havia lixo na areia, principalmente no último dia. Bem... no último dia, com três milhões de pessoas entulhadas na praia de Copacabana, duvido que alguém conseguisse andar pela areia atrás de alguma lixeira. Na verdade, eu nem sei onde eles arranjavam espaço para balançarem seus braços quanto mais para caminharem.


De qualquer modo, o resultado da coleta do lixo foi a de que se recolheu, em toda a semana, um terço de lixo que se recolhe no dia 01 de janeiro, depois da noite do Reveillon! Uma semana inteirinha, imagine!...

De onde vem, então, tanto lixo diário, já que nosso bairro está longe de ser um exemplo de chão limpo? Dos jovens da JML não é já que deram um banho de civilidade, aliás, não só no quesito limpeza; dos moradores não pode ser, já que estávamos aqui o tempo todo, durante a semana, e as ruas, calçadas, esquinas e recantos permaneceram limpos... 

Quem, afinal, então, polui nosso bairro?

Com essa pergunta na cabeça, saí os primeiros dias depois do evento, com minha máquina em punho. E parece que fiz umas descobertas interessantes... 

O evento acabou no domingo. Comecei a tirar fotos na quarta-feira. Que tipo de lixo temos? Fiquei supreendida com a resposta: nosso lixo vem, predominantemente de restos de lanches - copos, canudinhos, papéis de balas, biscoitos - além de panfletos rejeitados pelos transeuntes, depois de recebe-los dos inumeráveis panfleteiros de nosso comércio.





Detalhe:

Os canteiros onde moram nossas árvores, voltaram a servir, essencialmente, de cinzeiros ao ar livre, tantas guimbas de cigarro foram encontradas por ali, sem contar com o lixo, de modo geral.


Mas esse lixo não estava ali na semana passada e, com certeza, a limpeza desses lugares não se deu por conta de rondas extraordinárias de garis. Eu estava por aqui o tempo todo e notei que eles só apareciam mesmo no final do dia.

Fora os panfletos (os panfleteiros não trabalharam na semana do evento), todo o resto do lixo, durante aquela semana, poderia ter sido depositado por moradores e pelos visitantes da JML... e não foi, visto que o bairro apresentou uma limpeza exemplar.

Então, minha hipótese repousa nos visitantes - trabalhadores de outros bairros da cidade que para aqui vem em busca de seu ganha-pão, e as pessoas que vem usufruir do nosso comércio e nossos serviços que são muitos (consultórios médicos, academias, escolas, cursos, lojas...). Esta hipótese coincide com o tipo de lixo: restos de lanches. Os moradores dificilmente fariam "lanches" nas ruas, já que moramos aqui... 

E os jovens que teriam tudo para se espalharem numa expectativa esperada de "má educação, tumulto e bagunça" deram a todos uma aula de alegria, postura e bons princípios. Fossem eles de fora ou daqui, comportaram-se com "gente grande", como afirmaria o dito popular.

Posso concluir, portanto, que muita "gente grande" está precisando de uma boa aula de "boas maneiras" dessa juventude que enfeitou nosso bairro na semana passada. 

É por essas e outras que, salvados os transtornos, pela alegria que compartilhei, pela limpeza e pela energia de vida e de luz com que convivi nesse dias, posso afirmar, independente de qualquer credo ou religião:

- Quero minha JMJ de volta!!!...

5 comentários:

pblower disse...

É amiga, estamos precisando de sangue novo em muitas áreas... Muito sangue novo.

Anônimo disse...

Querida Eulália,
também quero minha JMJ de volta! Que bom que deixamos o bairro limpo! Vivi todos esses momentos da JMJ! Que saudade! Experienciei o céu aqui na terra! Passei pertinho da sua casa e disse: Eu tenho uma amiga que mora aqui perto!
Um grande beijo, Mônica Nardy

Celina disse...

Concordo com você. Os jovens da JMJ deram um show! Até mesmo quando o transporte falhou, o planejamento mudou, nenhuma confusão. E tudo parecia mais um milagre. Agora, a sujeira infelizmente é um mal internacional. Morei num bairro bem legal em Londres, com uma lixeira a cada 50 m na rua principal, mas no fim de semana, tinha lixo por todos os lados. Triste!

Valeria disse...

Eulalia
Alma limpa e verdadeira.
A JMJ foi um pouco de tudo, de união, limpeza, juventude alegria de cara limpa. Peregrinos do amor um amor autentico que é o amor ao próximo independente de condição religiosa, social e etcc...
Sou irmã da Monica ore por nossa familia beijos no seu coração.
Vamos difundir esta energia plantada.
Valeria

Eulalia disse...

Obrigada por todos os comentários!!!

Fiquei mesmo com saudades daquela alegria toda!