sábado, 20 de julho de 2013

Sr. NEY



 
- Alô!

- Oi, Senhor Ney, é Eulalia, do Rio, estou em Campinas, novamente, lembra-se de mim?

- Claro que me lembro! Trouxe a máquina?

- Trouxe, sim, por quê?

- Os flamboyants estão floridos! Me lembrei muito da senhora! Podemos passar por uns lindos, a caminho do aeroporto!

- Ah, Senhor Ney! O senhor se lembrou!

- Claro que sim! Amanhã, às 14.30?

- Isso mesmo, no mesmo lugar!

- Estarei lá! Bom curso e até amanhã! 

É... ele se lembrava mesmo!...

Sr. Ney é o gentilíssimo cavalheiro que me leva ao aeroporto, em vinte e cinco minutos, do hotel onde faço cursos em Campinas, a tempo de pegar, com uma folguinha de nada, o voo de volta ao Rio  Sem a tranquilidade de saber que ele me espera na porta do hotel, seria impossível. É terminar o curso, descer pelo elevador e pegar o carro, já no embalo.

Daí a ele se lembrar de meu gosto por fotos e flores ultrapassa a gentileza da prestação do serviço. Mas ele é assim mesmo: simples, alegre, direto, gentil. Ninguém diria das profundas (profundíssimas!) e tristes agruras por que passou em sua vida que, é claro, não cabe citar aqui. Ou... quem sabe... talvez por isso mesmo, ele tenha aproveitado o que se estende por seu caminho, para ser uma pessoa feliz. Um dos vários exemplos que encontro em minha vida.

Domingo, às 14.30 estávamos juntos, ele e eu. 

- O senhor acha que dá tempo de passar por eles?

- Claro! Ontem mesmo, levando um passageiro, passei por uma das ruas e até comentei com ele que faria o caminho por ali, hoje, pois tem dois carregadinhos! É praticamente caminho, não vai atrasar nada. 

E aí estão, para você ver, a rua com os dois dos muitos flamboyants que infestam Campinas em junho, época em que os de cor rosa enfeitam a cidade. E, mais do que isso, muito mais, o encontro de duas almas que se tocam, com a delicadeza fugaz de um minuto de mútuo encantamento.

Na sala de embarque, não pude deixar de me aprofundar em meus pensamentos. Esses pequenos acontecimentos me mostram que o amor, mesmo mostrado por gestos simples como esse, está mais vivo na humanidade do que podemos imaginar. E se manifesta, sem pedir nada em troca, senão o simples e puro existir.

Se nos contagiamos tanto com os males do mundo, com certeza, o mundo também se contagia com os seus bens.

Parece ser impossível, diante de tantos e cruéis absurdos psicossocioculturais, com governos mundiais que só pensam em valores que não cabem em nossos corações... mas viradas não são impossíveis. Utopias já viraram realidade. Não seria a primeira vez.

Não será para amanhã... talvez eu nem veja isso. Mas as futuras gerações, que no presente já começam a se manifestar, parecem já estar "nascendo cansadas" de tantas insanidades. Tomara!

Às vezes, penso mesmo que o mundo acabou em 2012. Este mundo. 

O novo mundo que nos aguarda e que se tem insinuado e se manifestado em novas e até "desconhecidas" facetas não consegue ser explicado pelos parâmetros do mundo antigo.

E prefiro crer que a única coisa que permaneceu intacta foi a forma pura e plena da manifestação genuína da alma humana.

É deixar ver, para acontecer. Prefiro apostar nisso.

3 comentários:

Carlos Alberto disse...

Simplicidade ! O universo vibra..

Celina disse...

Eu também espero e sinceramente creio!

pblower disse...

Ter esperança é fundamental!