sábado, 7 de abril de 2012

DESPERCEBIDAS


Eu não bati essa foto. Bati?

Não. Provavelmente, esbarrei na máquina, refestelada por trás da tela do meu computador, depois de um dia de longo e exaustivo trabalho por passeios despreocupados, seu ventre cheio de momentos de vida.

Imagem do meu cotidiano, escondida displicente por trás da tela de meu computador - bilhetes com mensagens, uma pedra de luz, fios, um bloco esperando anotações. Uma vida ali, refletida ao toque da luz exterior, iluminando paisagem despercebida.

Jamais me daria conta, se minha máquina não tivesse me feito enxergar...

Acho que essa máquina tem lá sua vida própria e, de vez em quando, me chama a atenção - vai lá e “clic”. Só me dou conta, quando vou limpar sua alma e transferir as fotos para meus arquivos...

É... minha máquina fotográfica tem uma filosofia própria de viver, tomando-me de impacto, com luzes que me passam despercebidas. Fotos que, talvez, não ficassem tão bonitas, se eu as tivesse tentado tirar propositadamente...

Você também tem?


3 comentários:

Celina disse...

Eulália querida,
Que texto lindo! Mas isso é para quem tem olhos de ver!! Sim, minha câmera, meu celular tem vida própria. Varias vezes me surpreenderam com uma foto que, bem eu não teria pensado em capturar daquela maneira. Mas sou uma capturadora de momentos completamente compulsiva, então é fácil, entre um clic e outro, uma rebeldia do gadget.
bjs

Carlos Alberto disse...

Como entender o mundo à nossa volta? Através de um filme ou uma fotografia? Penetrar na natureza das coisas exige uma natureza desarmada, descomprometida. Existe um tempo só nosso, de cada um, e nesse momento uma pequena fagulha da criação nos revela algo.Percebo que nada te escapa, e não seria uma máquina que facilitaria as coisas. Isso é apenas um detalhe.
FELIZ PÁSCOA!

Polly Moraes disse...

É, às vezes, a gente esquece de que existe esse mundão aqui fora da gente. Nada como uma foto para nos lembrar não é?
Também tenho uma paixão compulsiva por fotografias, e concordo plenamente quando você fala que as melhores são as "espontâneas". Acredito que seja porque as espontâneas sejam as mais fiéis a realidade, sem a "maquiagem" que muitas vezes a arte utiliza para descrever o mundo, as pessoas... E o que é verdadeiro, apesar de cheio de defeitos, com toda certeza, é mais belo.
E como sempre falo, amo seus contos :)