segunda-feira, 23 de abril de 2012

BRASIS - ITAÚNA


Cheguei a Itaúna num calor de rachar. Fui à busca do curso de Florais de Minas, in loco, com direito à visita ao sítio a 10 km da cidade, onde está o laboratório e os jardins das flores. Se você leu o conto “A torre” já sabe um pouquinho da história.

Para chegar à cidade, vindo de avião até Belo Horizonte (num voo de 50 minutos), você precisa pegar um ônibus até a rodoviária (uma hora) e outro para Itaúna (1 hora e 50 minutos). Em suma, leva-se mais tempo a cavalo do que de carro, ops... de ônibus do que de avião.

Nosso país é mesmo maravilhoso e multifacetado. Cada região tem seu carimbo especial e como já andei por aí dando palestras aqui, ali e lá, nos meus idos tempos de academia universitária, sempre me pego colorindo esta aquarela brasileira, em seus vários tons.

Itaúna existe através de sua rua principal que termina (ou começa), é claro, como toda reminiscente cidade do interior, na praça da Igreja, com direito a coreto e cavaleiro.

O Grande Hotel fica na outra ponta, que dá na singela pracinha do mercado, desses com direito a guarda volumes como nossos mercados de antigamente, lembra? O hotel é, segundo me informaram, o mais indicado da cidade. Aliás, bem caro para o que pode oferecer. Mas tudo bem: tendo uma boa cama, um bom chuveiro e a agradabilíssima delicadeza do povo mineiro na gerência e atendimento, tudo fica ótimo.

Para quem saiu de casa às 9 horas da manhã e chegou ao hotel às 17, nada como um bom lanche. O hotel só fornece café da manhã e não tem serviço de quarto. Assim, o jeito era mesmo sair em busca de uma lanchonete. Não vi nenhuma, mas havia dois restaurantes em frente ao hotel, um com um belíssimo cartaz de pizzaria.

Mas... quem disse que os restaurantes estariam abertos às 17 horas? Claro que não! Para quê? Quem, em Itaúna, iria a um restaurante às 17 horas? Ninguenzinho! Não é como aqui, onde você encontra pessoas comendo a essa hora e não sabe definir se ainda estão almoçando ou apressando o jantar. Nada disso. Enganei o estômago com algumas frutas que levei para o quarto (santo mercadinho!) e saí para a aventura.

Subir a rua principal em direção à praça da Igreja é obrigação de qualquer visitante. Uma boa opção, aliás, a única, para esperar a horinha da pizza.

A Rua Silva Jardim é reta e inclinada como em várias cidades mineiras e se escorrega entre casas antigas,


lojas modernas,


meninos brincando em cima dos muros


e terrenos baldios(!).


Busquei uma lan house para um acesso emergencial. Cadê? Não vi nenhuma, pelo menos por ali. As pessoas solícitas e sorridentes (sempre!) me indicaram uma loja de fotos, beirando a praça principal. Achei a loja e entrei, pronta para me informar sobre tempo de uso e taxa. Depois que o taxista me cobrou um absurdo desdobrado para me levar por dois milimétricos quarteirões que compõem a distância entre a rodoviária e o hotel (lá os taxis não tem taxímetro), tudo se pode esperar. Ao entrar, notei que só havia dois computadores a serviço das atendentes e, para derrubar minha primeira má impressão e meu “pré-conceito”, o uso da máquina é uma gentileza que a loja oferece ao visitante.

O acesso é leeento, mas possível e consegui fazer o que precisava, não sem a ajuda das duas anfitriãs, super delicadas. Natasha e Camila foram tão gentis que não resisti a uma fotinha:


De lá para o mercado e do mercado para a pizza, pois o comércio fecha mesmo às 18, à exceção do mercado e da farmácia, que fecham às 21 horas. Então, não há nada mais a fazer. Só no dia seguinte, quando o ônibus da empresa dos Florais de Minas nos buscou no hotel e deu voltas pela cidade é que descobri que a parte nova e mais atualizada do comércio se esconde por trás da Igreja, nas ruas vizinhas. Meus olhos observadores, então, puderam vislumbrar lojas “estilosas”, um pequeno shopping e a parte nova se estendendo lá por trás. Tudo refletindo uma cidade que esconde suas ricas residências e seu status social discretamente, por trás da Igreja e por trás dos muros altos que velam por residências portentosas.

À noite, o ponto de encontro dos alunos do curso passou a ser uma pizzaria, considerada a melhor pizzaria de Itaúna, que fica numa outra rua da cidade. O interessante é que nunca estava lotada. Parece que é mais habitada por estudantes universitários, durante dois dos dias da semana, os dias de rodízio (quarta e quinta). Fomos no sábado, para a noite de despedida, e quase não havia ninguém: os mineiros são mesmo caseiros, gostam de se visitarem uns aos outros. Assim, a pizzaria fecha em torno das 23horas. Mas foi o cantinho de encerramento de nossas alegres jornadas cotidianas


Com o correr dos dias, fui, assim, descobrindo a cidade:

As ruas estão longe de ser planas e muitas são bem estreitas. Assim, quem não está motorizado não pode depender de ônibus, pois o acesso é restrito. Não há taxis dando sopa, então, se você é visitante, vai ter mesmo de fortalecer as pernas.

As pessoas se cumprimentam: dão-se bons-dias, boas-tardes e boas-noites, quer você as conheça ou não. E são todos muito gentis.

O galo canta exatamente às 5 da manhã. Pode-se acertar o relógio por ele. Aliás, os galos. E foram meus despertadores naturais todos os dias...

Fora o encantamento do curso, como você pode ver no conto “A torre”, a cidade, em si, não exibe “atrativos”.

Itaúna é assim. Basta a si mesma. Não precisa de turistas.

E nem do estresse das cidades grandes...

Informações: A população de Itaúna chega a 275 000 habitantes, com uma área total aproximada de 3 812,86 quilômetros quadrados. A economia destaca os setores de mineração, siderurgia, usinagem, têxtil. Itaúna recebeu da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura, em 1975, o título de Cidade Educativa do Mundo, pela alta qualidade do ensino municipal e envolvimento da sociedade civil para a melhora dos índices de educação. Itaúna é a sede da Universidade de Itaúna com campi em Itaúna, Almenara e Lagoa da Prata. Aproximadamente 8 000 alunos estudam diversos cursos de graduação e de pós-graduação. (referência: Wikipedia - http://pt.wikipedia.org/wiki/Ita%C3%BAna)

2 comentários:

Celina disse...

Adorei percorrer Itaúna com você, e esse curso de Florais de Minas, hein?Quero saber tudinho sobre esse assunto!
Fico imaginando chegar numa cidade dessas com fome! Mas é uma experiência e só você para me dar vontade de conhecè-la também!
bjocas

Eulalia disse...

Você saberá, querida! Temos um (ou vários) encontros marcados. Só precisamos estabelecer as datas (sorriso)
Acho que você vai acabar fazendo o curso...
beijos!