Contos verdadeiros, talvez enfeitados pelo meu amor pela vida. Agradeço a motivação insistente de amigos e amigas, sem a qual eles jamais teriam saído do meu computador (sorriso).
domingo, 18 de março de 2012
UNIFORME
Gosto de caminhar. Quilômetros impensados. Nos finais de semana, pelo menos uma vez, quase sempre chego aos 16 quilômetros. Umas duas vezes por semana, faço a praia de Copacabana ida e volta: 8 quilômetros.
Sinto prazer em caminhar e, de quebra, controlo o colesterol, que é alto por herança genética e não por abuso de alimentação.
Caminhar traz muitas alegrias, além de fazer bem à saúde. Nos dá um tempo interior indispensável para pensar ao ar livre, nos deixa mais dispostos para observar a natureza, buscar novas trilhas e rumos, enfeitar a vida... e... descobrir coisas novas do convívio nesta cidade.
Hoje, fiz daquelas caminhadas de 16 quilômetros... caminhava comigo e com a cidade, com as pessoas passando por mim. Foi quando reparei em algo que já acontece há anos e não tinha notado tão conscientemente: há pessoas que a gente cumprimenta, outras não... há lugares em que a gente cumprimenta as pessoas, outros não.
Por exemplo, nas trilhas da floresta da Tijuca, os passantes sempre se cumprimentam... e sorriem! Na trilha da Urca, a da Gago Coutinho, uns cumprimentam, outros não. Passo, digo bom-dia e fico apostando comigo mesma: esse vai cumprimentar, esse não vai... e, quase sempre, acerto. Treino de estudos sociais...
No calçadão, na zona sul, não se cumprimenta. Fazer isso é cantada quase certa. Se for um gato, talvez valha a pena, mas, se for do mesmo sexo, também se corre o risco. Nada contra o homosexualismo, sou simpatizante, mas... como sou hetero, já tive de me desincumbir de situações embaraçosas. Assim, por via das dúvidas, se o objetivo é mesmo caminhar, não se cumprimenta.
Lembro-me pequenina, dando bons-dias para as pessoas e minha mãe me ensinando que não se fala com desconhecidos... acho que não adiantou. Tenho a impressão de que nasci com a alma de cidade do interior. As pessoas, em torno de mim, são pessoas, não bonecos, não “coisas andantes” a quem não se dá atenção...
Mas, nesta grande cidade, descobri que uma coisa é certa: os policiais civis e militares, os bombeiros, os garis, os militares das forças armadas, os seguranças (de qualquer empresa), todos, todos cumprimentam. Qualquer cidadão que esteja uniformizado, em pleno exercício de suas funções, já percebi, responde gentilmente a qualquer cumprimento. E a maioria com um ligeiro sorriso.
E é engraçado. Depois que descobri isso, sempre passo por um, cumprimentando. Faço porque gosto e, também (por que não?), para conferir.
Eu sei que cumprimento a pessoa por trás do uniforme, já sabendo que terei um cumprimento de volta.
Mas fico pensando: quem será que me responde? A pessoa por trás do uniforme ou o uniforme?
Marcadores:
convívio,
costumes,
cotidiano,
cultura,
experiências de vida,
Rio de Janeiro
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Um comentário:
Lembro de ter lido ou visto uma reportagem falando da "invisibilidade" das pessoas de uniforme, principalmente das que executam tarefas de limpeza, tipo garis, faxineiras e pessoal de manutenção. Num outro documentário colocaram uma celebridade de uniforme e vassoura, e ninguém nem notou...Eu também tenho mania de cumprimentar, pelo menos com um sorriso, e quase sempre, recebo um de volta,e às vezes sinto um agradecimento "telepático": -"Obrigada por me enxergar!"
adorei!!!
Postar um comentário