sábado, 24 de março de 2012

UM QUATRO MEIA


Estava preenchendo a minha declaração anual de imposto de renda, como boa e comportada contribuinte.

Minha declaração é muito simples, mas resolvi fazer a extensa. Motivo óbvio: se fizer a resumida, pago imposto; se fizer a extensa, declarando todos os infinitos absurdos que pagamos ao plano de saúde e mais as consultas que não pertencem ao plano, recebo um monte de grana de volta! Então, vamos ao extenso!!!

Só que emperrei numa bobagem que qualquer contribuinte um pouquinho experiente saberia. O que fazer?

Ora, muito fácil: temos um número “salvador” da Receita: 146.

Peguei o telefone com a confiança do contribuinte que paga seus impostos em dia, faz tudo no figurino e que, portanto, não tem dúvidas sobre a responsabilidade do ou da atendente que, do outro lado da linha, estará super pronto ou pronta para entender sobre todas aquelas linhas que são infinitas (para nós, reles mortais), mas limitadas linhas que cabem dentro de seu treinamento para o atendimento ao contribuinte. Com certeza, ele ou ela deveria ser tão bom ou boa quanto o é o programa super simples e sofisticado que entra em nosso computador com um rápido e singelo “click”.

Preencher o formulário é mesmo quase um brinquedo! Fiz isso tão rápido e com tanta facilidade que eu mesma me surpreendi. Mas faltava só saber como colocar aquela besteira de informação!...

No número 146, encontrei todas as facilidades e apertei, rápido, a opção “falar com um de nossos atendentes”, confiante, feliz, quase achando que eu já estava com o formulário preenchido. Seria uma questão de minutos!

Levei apenas 40 segundos até que ouvisse a voz da atendente do outro lado da linha:

- Em que posso ajudar?

Expliquei meu caso simples.

Resposta singela:

- Tente colocar lá, no montante do que já foi retido.

-"Tentar" colocar lá, no montante, sem especificação?

- É, veja se dá certo.

- Como "veja se dá certo?" Estou ligando para vocês para obter uma informação específica, séria e consistente. Mesmo que "desse certo" e que esse maravilhosíssimo programa que vocês nos mandam não acusasse erro no item "verificação de pendências", não quero deixar de especificar o que e onde paguei o tal imposto!

- Sinto muito. Estou aqui só para atender a solicitações básicas.

- Mas é básico você me dizer em que linha eu devo declarar uma quantia que não se encaixa no primeiro item!

- Não faz parte do nosso treinamento. A senhora procure um posto de atendimento em sua cidade. Posso ajudar em mais alguma coisa?

- Claro que pode!
(e você pode imaginar a indignação que me tomou nesse instante...), claro que pode! Ao menos me diga os endereços dos postos para onde você está me mandando!

- Isso eu não sei não senhora.

- Então procure saber aí, pois eu não vou desligar sem um mínimo de informação possível.

- Um momento, por favor. De que cidade a senhora é?


Dei-lhe a informação e esperei uns minutos (felizmente não muitos). A singela moça veio com os endereços dos postos no Rio de Janeiro. Pedi o protocolo de atendimento.

- Infelizmente, não podemos fornecer o protocolo. O sistema não está disponível no momento.

Pois é... aquele fantástico sistema que nos oferece um programa super hiper sofisticado que faz com que preenchamos com facilidade e total segurança nossas declarações (diga-se de passagem que é um dos programas mais competentes e simples que eu conheço, falando sério!), não estava funcionando para me fornecer o protocolo necessário para eu fazer a maior reclamação que um contribuinte poderia fazer ao sac da Receita Federal(se é que isso existe).

Desliguei o telefone atônita...

Com certeza, era uma coisa simples, mas não queria importunar um amigo ou uma amiga por causa dessa bobagem. Era tão simples que não valia a pena sequer pagar um profissional para obter uma mínima informação sobre uma linha, provavelmente, a mais óbvia possível, que eu não enxergava só por ser uma completa inexperiente...

Escrevi um mail para uma amiga, cheia de embaraços, por estar ocupando o seu tempo.

Realmente, era uma idiotice muito simples. Resolvi o problema e mandei meu formulário pela perfeita, corretíssima, simplérrima receitanet.

Incrível. Não perca tempo ligando para o 146. Você vai-se arrepender. O formulário é mesmo auto-explicativo. Se não for e se sua declaração é tão simples como a minha, confie na boa vontade dos amigos: quem tem um tem tudo... mesmo acima da desilusão com o direito conferido pela cidadania...

2 comentários:

pblower disse...

É amiga. O que mais me irrita nesses atendimentos são as respostas em que fica claro o mais absoluto despreparo do pessoal treinado para nos atender.
Fico imaginando que tipo de atendimento básico eles são capazes de dar, né?

Celina disse...

O sistema agora é culpado por absolutamente tudo, querida! Essa "entidade" unipotente, unipresente, quando está de folga, bagunça a vida da gente para fazer até uma simples transferência bancária. O SISTEMA é que resolve tudo, mas os mortais que acessam esse deus, não conseguem nem te dar uma pista do que fazer enquanto "ele" não volta!