sábado, 21 de janeiro de 2012

O ELEVADOR


Uma vez fui salva brilhantemente de ser trucidada por duas mulheres, em pleno recinto público. Até hoje, sou grata a um outro homem de terno, dos muitos que já me apareceram de repente, para me tirarem de um aperto. Deve ser coisa daquele tal anjo que aparece de vez em quando para me salvar.

Este foi um caso de língua solta. É que, às vezes, a língua nos trai antes que possamos ter tempo para pensar. Não sei como acontece, mas parece que ela se adianta ao nosso cérebro!

Muitíssimo raramente isso acontece comigo, mas, naquele dia ou eu estava muito distraída, ou me traí mesmo, sem essa ou mais aquela.

Estava num desses elevadores comerciais em que cabem mil e trocentas pessoas de uma vez só. E estava razoavelmente cheio. Duas quase senhoras de aparência super tradicional traçavam comentários familiares e de repente, uma delas disse:

- É, você sabe, mãe, só tem uma!

Foi aí que a minha língua sobrou na minha boca e, antes que eu me desse conta, sussurei:

- Graças a Deus.

Falei baixinho, para mim mesma, lembrando, certamente, do trabalhão que a minha me dera, principalmente nos últimos anos de vida. Eu não agüentaria passar pelo mesmo aperto mais de uma vez, mesmo sendo mãe. Pensei que tinha falado bem baixinho e, na verdade, quase involuntariamente. Meu subconsciente, com certeza, era o responsável pela traição. Mas... num cubículo como o de um elevador comercial, não foi baixo o suficiente para evitar que todos ouvissem.

As duas mulheres queriam me matar. Felizmente, só com os olhos. Mesmo assim, eu me dei conta da gafe e não sabia o que fazer.

Foi quando ouvi, em alto e bom som, numa voz conciliadora e cúmplice, vinda do homem de terno a meu lado:

- Tem razão, dose dupla, ninguém agüenta.

Todos riram, menos as duas, evidentemente. Mas o constrangimento se desfez.

Não podemos andar com esparadrapo no inconsciente, mas, é claro, coisas desse tipo, tão pessoais, não devem acontecer em público. Mesmo assim, felizmente, tenho esse tal anjo protetor. Ele me salva de cada uma...

4 comentários:

Anônimo disse...

Tua história de hoje me lembrou aquela do menino que chega em casa e encontra a mãe com o novo namorado no quarto. Pra disfarçar, ela grita pro moleque:
- Nossa, que calor! Filho, traz duas cervejas aqui pra gente!
O menino vai até a geladeira, procura o que a mãe está pedindo e, ao final de alguns segundos, grita:
-Mãe, só tem uma!
Bem, historinha sem graça, mas pelo menos é uma versão alternativa para a frase que te deu arrepios!
bjs, décio

Celina disse...

Também sofro de língua solta, muito mais do que vocè pelo jeito. Mas nem sempre aparece um anjo para me salvar e minha cara fica sempre láaa no chão. E cá entre nós, ainda bem que mãe é uma só!

Polly Moraes disse...

Às vezes a nossa língua nos trai, mas, graças a Deus, sempre existem anjos para nos salvar.
Lindo seu blog ^^

pblower disse...

Quem não solta a lingua ás vezes, né? O problema é que foi no elevador. Ambiente fechado... Para onde correr?