A gente não liga, mas acontece a toda hora.
Ontem, precisei de jornal velho. Não tinha em casa (há anos não compro mais jornal-papel). Mas
precisava muito, para cobrir algo que estaria exposto à pintura. Para os amigos
que me acompanham: sim... ainda estou em obras...
Desci para pegar algum na portaria. Costuma ter. Não tinha. Resolvi pegar o elevador e descer em algum andar abaixo
ao meu. Quem sabe, daria a sorte de encontrar algum jornal velho, perto da
lixeira, onde colocamos o lixo seco.
Qual andar? Meu dedo, sem pensar, tocou no quinto. Saí
e me dirigi para as escadas, no mesmo momento em que uma vizinha abria a porta
para jogar o lixo fora. Assustou-se um pouco ao me ver "em andar
errado".
- Desci para procurar jornal velho, você tem?
Sorriu:
-
Tenho, espera um minutinho.
Entrou, pegou um palmo de jornal usado e me
entregou.
Agradeci e subi as escadas pensativa. Se eu tivesse
demorado ou me adiantado um minuto para descer em busca do jornal, se o
elevador não estivesse na portaria na hora em que embarquei, se não tivesse
escolhido o quinto andar, se ela não tivesse tido a ideia de jogar o lixo fora
exatamente naquele momento, se...
Não adianta enumerar. São tantas as coordenadas
entrelaçadas e tantas as possibilidades de apenas uma não funcionar exatamente
naquele momento, que é perda de tempo levantar estatísticas, traçar linhas,
levantar hipóteses.
Acontece várias vezes, todos os dias...
E nem nos damos conta...
3 comentários:
Adoro histórias onde flagramos a sincronicidade das coisas. <3
É isso mesmo, amiga. A trama na teia da vida. Muitos beijos direto de Budapeste
Com tanta sincronicidade, dá pra desconfigar do Princípio da Incerteza ;-)
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