Domingo.
Final da Copa. A ideia era nem sair de casa já que moro na "boca do forno". A três quadras da praia, melhor, a três
quadras da maior aglomeração do Rio de Janeiro, onde o telão da FIFA aguardava
milhares de pessoas, o melhor era mesmo ficar por aqui, em casa, quietinha.
Mas
o dia estava lindo e resolvi não abrir mão da minha caminhada quase cotidiana. "Vou lá, ando para lá e para cá, volto
rapidinho. É só um pulo no sol e ao ar livre, que tanto gosto. Não deve estar
tão intransitável assim".
Por
via das dúvidas, decidi andar para os lados do Leme, onde, geralmente,
Copacabana é mais tranquila. Saí, assim,
"sem lenço e sem documento".
E documento, para mim, representa "sem
máquina fotográfica", meu apêndice cotidiano.
Como
me arrependi! Chegando ao Leme, me dei conta da mancada. Eu não poderia ter
deixado a máquina em casa!!!
É
que, diante da balbúrdia dos últimos dias, eu não podia imaginar encontrar um
pedacinho de paraíso no final da praia.
Para
meu espanto, era a torcida alemã. Eu não sei de onde "brotaram" tantos alemães,
de repente! Tirei emprestado essa expressão de uma amiga, ao comentar comigo o que tinha visto, na véspera, no
Largo do Machado. Uma fila imensurável de alemães em busca do Corcovado. Como
ela mesma me disse, parecia que brotavam do chão.
Logo
descobri por quê. É que eles estavam aqui, sim, só que são discretos e se
espalhavam sem muito alarde, ao contrário das torcidas latinas. Mas estavam aqui
e... não eram poucos, nada "poucos". No domingo, os que não foram ao
Maracanã agruparam-se organizadamente no Leme, e parecia mesmo que o pontão da
praia era uma filial do consulado alemão. Alugaram os quiosques da praia e, não
posso omitir a delicadeza: enfeitaram com bandeiras da Alemanha e do Brasil,
honrando o país anfitrião.
Marketing
para seduzir a torcida brasileira? Não creio, mas pode até ser. Se foi
estratégia, com certeza, funcionou, já que seu s oponentes estiverem longe de
usar qualquer estratégia parecida. Pelo contrário.
De
qualquer modo, o que vi era simplesmente encantador, motivo pelo qual, quando
voltei para casa, não resisti: peguei minha máquina e dei outra caminhadinha,
só para registrar.
Infelizmente,
não registrei o principal. É que, enquanto estava em minha primeira caminhada,
eles resolveram fazer uma passeata e foi um espetáculo digno de se ver: um
desfile com bandeiras e canções que enfeitou a avenida a beira-mar. O
espetáculo estava tão bonito, alegre, festivo, que as janelas dos prédios se
encheram de gente e os transeuntes pararam suas bicicletas e caminhadas para "verem a banda passar". Se foi para seduzir, alcançou seu objetivo,
pois volta e meia eles também cantavam em nome do Rio de Janeiro, o que foi
muito simpático.
Quando
voltei com a máquina a banda já havia se dispersado, mas o
"consulado" estava lá, numa expectativa de pré-jogo, com um telão
colocado na areia e os torcedores mostrando muita alegria, simpatia e
criatividade.
Meus
leitores sabem quanto amo Buenos Aires. E também de meus amores pela Alemanha,
das vezes em que visitei seu país. Seria para ficar na dúvida, mas... diante
das circunstâncias e da delicadeza com que fomos cuidadosamente festejados e
respeitados até na derrota, os "hermanos" que me desculpem: no
domingo, eu fui alemã.
3 comentários:
Realmente, foi muito linda a atitude dos alemões e das alemoas.
Após o jogo, duas vizinhas minhas saíram "fantasiadas" de alemões para comemorar com eles.
E agindo da mesma forma: portanto duas bandeiras, uma alemã e uma brasileira.
Esse conto nos dá até uma ideia: que tal contratar o tecnico alemão pra treinar a nossa "seleçon"?
;-)
Gostei da ideia!
Eu também.. (colocando a leitura em dia...)
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