domingo, 20 de julho de 2014

TORCIDA FINAL



Domingo. Final da Copa. A ideia era nem sair de casa já que moro na "boca do forno". A três quadras da praia, melhor, a três quadras da maior aglomeração do Rio de Janeiro, onde o telão da FIFA aguardava milhares de pessoas, o melhor era mesmo ficar por aqui, em casa, quietinha.

Mas o dia estava lindo e resolvi não abrir mão da minha caminhada quase cotidiana. "Vou lá, ando para lá e para cá, volto rapidinho. É só um pulo no sol e ao ar livre, que tanto gosto. Não deve estar tão intransitável assim".

Por via das dúvidas, decidi andar para os lados do Leme, onde, geralmente, Copacabana é mais tranquila.  Saí, assim, "sem lenço e sem documento". E documento, para mim, representa "sem máquina fotográfica", meu apêndice cotidiano.

Como me arrependi! Chegando ao Leme, me dei conta da mancada. Eu não poderia ter deixado a máquina em casa!!!

É que, diante da balbúrdia dos últimos dias, eu não podia imaginar encontrar um pedacinho de paraíso no final da praia.

Para meu espanto, era a torcida alemã. Eu não sei de onde "brotaram" tantos alemães, de repente! Tirei emprestado essa expressão de uma amiga, ao comentar comigo o que tinha visto, na véspera, no Largo do Machado. Uma fila imensurável de alemães em busca do Corcovado. Como ela mesma me disse, parecia que brotavam do chão.

Logo descobri por quê. É que eles estavam aqui, sim, só que são discretos e se espalhavam sem muito alarde, ao contrário das torcidas latinas. Mas estavam aqui e... não eram poucos, nada "poucos". No domingo, os que não foram ao Maracanã agruparam-se organizadamente no Leme, e parecia mesmo que o pontão da praia era uma filial do consulado alemão. Alugaram os quiosques da praia e, não posso omitir a delicadeza: enfeitaram com bandeiras da Alemanha e do Brasil, honrando o país anfitrião.



Marketing para seduzir a torcida brasileira? Não creio, mas pode até ser. Se foi estratégia, com certeza, funcionou, já que seu s oponentes estiverem longe de usar qualquer estratégia parecida. Pelo contrário.

De qualquer modo, o que vi era simplesmente encantador, motivo pelo qual, quando voltei para casa, não resisti: peguei minha máquina e dei outra caminhadinha, só para registrar.

Infelizmente, não registrei o principal. É que, enquanto estava em minha primeira caminhada, eles resolveram fazer uma passeata e foi um espetáculo digno de se ver: um desfile com bandeiras e canções que enfeitou a avenida a beira-mar. O espetáculo estava tão bonito, alegre, festivo, que as janelas dos prédios se encheram de gente e os transeuntes pararam suas bicicletas e caminhadas para "verem a banda passar".  Se foi para seduzir, alcançou seu objetivo, pois volta e meia eles também cantavam em nome do Rio de Janeiro, o que foi muito simpático. 

Quando voltei com a máquina a banda já havia se dispersado, mas o "consulado" estava lá, numa expectativa de pré-jogo, com um telão colocado na areia e os torcedores mostrando muita alegria, simpatia e criatividade.



Meus leitores sabem quanto amo Buenos Aires. E também de meus amores pela Alemanha, das vezes em que visitei seu país. Seria para ficar na dúvida, mas... diante das circunstâncias e da delicadeza com que fomos cuidadosamente festejados e respeitados até na derrota, os "hermanos" que me desculpem: no domingo, eu fui alemã.

 

3 comentários:

João Carlos disse...

Realmente, foi muito linda a atitude dos alemões e das alemoas.
Após o jogo, duas vizinhas minhas saíram "fantasiadas" de alemões para comemorar com eles.
E agindo da mesma forma: portanto duas bandeiras, uma alemã e uma brasileira.
Esse conto nos dá até uma ideia: que tal contratar o tecnico alemão pra treinar a nossa "seleçon"?
;-)

Eulalia disse...

Gostei da ideia!

Celina disse...

Eu também.. (colocando a leitura em dia...)