sábado, 5 de julho de 2014

ENQUANTO A BOLA ROLA...



Sou brasileira de direito e de fato. Mas não gosto de futebol (afinal, ninguém é perfeito...).

Pois é. No país do futebol, principalmente na época da Copa, me sinto uma estrangeira. Gosto de ver o movimento e a alegria das ruas, ainda mais neste ano, em que a Copa, pelo menos no Rio de Janeiro, parece ter-se transferido para outra copa: Copacabana.

Andei por muitos cantos do Rio nestas últimas semanas, mas Copacabana esbanja "copice". Os estrangeiros marcam pousada em suas praias e calçadas, se misturam conosco e, segundo tenho ouvido diretamente deles, se sentem em casa.

O carioca é pródigo em anfitrionato. Aliás, o brasileiro é assim.

Mas enquanto ando pelas ruas, no meu cotidiano entre o consultório e minha casa, tenho tempo para observar e pensar em outras facetas dessa mesma moeda.

Enquanto a bola rola, não posso deixar de perceber outro Brasil que eu não conhecia Talvez sejam os olhos distanciados dos jogos, não sei. Talvez seja mesmo a constatação do nascimento de um brasileiro diferente que se conscientiza.

Antes, tudo era só festa. Hoje, o brasileiro me parece mais atento. Está mais crítico, mais focado em seu país como um todo.

Foi isso que vi, num contraste singelo e festivo, antes do começo do último jogo. Ao lado do palco de areia e do telão, onde milhares e milhares de brasileiros e estrangeiros se confraternizam para assistir aos jogos, a Avenida Atlântica se enfeitava com outra festa, a festa da manifestação das vontades de nosso povo.

E são vontades singelas, viscerais, vitais, que pertencem a um campo mais amplo, o campo desse nosso querer, este campo que não foi feito para competições, mas para a constatação do óbvio. O que  o povo quer é simples, vital:



Mas parece que é preciso ser "gritado" em várias línguas. E nem sei se é apenas para que o estrangeiro que passa por ali, cheio de festa no coração e desavisado de nossos problemas, possa entender. Afinal, uma passeata pacífica de protesto em plena festa, tem de ter uma razão de significativa importância:



Quem sabe, sirva também para que os responsáveis pelo gerenciamento da verba pública e da administração da sagrada vontade do povo, acabe por ler, em inglês, o que parece que, há muito tempo, não conseguem entender em sua língua pátria...

Antes, quando a bola rolava, o povo se esquecia de tudo, até de comer. Hoje, felizmente, enquanto a bola rola, mostramos que não vivemos mais só de pão e circo.

Que nos ouçam! Estamos crescendo, viu?


2 comentários:

João Carlos disse...

Tomara que nos ouçam mesmo!!!
Quanto aos protestos, há um detalhe: me parece que estão ocorrendo porque a copa está sendo realizada aqui.
Veremos se se repetirão quando na próxima.
Aliás, protesto bom é protesto permanente, enquanto durar o problema e o não atendimento às necessidades.

Celina disse...

Espero do fundo do coração! Mas confesso que tenho medo do sucesso da Copa em nosso país seja confundido com sucesso dos governantes... E que nada mude.