Sou
brasileira de direito e de fato. Mas não gosto de futebol (afinal, ninguém é perfeito...).
Pois
é. No país do futebol, principalmente na época da Copa, me sinto uma
estrangeira. Gosto de ver o movimento e a alegria das ruas, ainda mais neste
ano, em que a Copa, pelo menos no Rio de Janeiro, parece ter-se transferido
para outra copa: Copacabana.
Andei
por muitos cantos do Rio nestas últimas semanas, mas Copacabana esbanja
"copice". Os estrangeiros marcam pousada em suas praias e calçadas,
se misturam conosco e, segundo tenho ouvido diretamente deles, se sentem em
casa.
O
carioca é pródigo em anfitrionato. Aliás, o brasileiro é assim.
Mas
enquanto ando pelas ruas, no meu cotidiano entre o consultório e minha casa,
tenho tempo para observar e pensar em outras facetas dessa mesma moeda.
Enquanto
a bola rola, não posso deixar de perceber outro Brasil que eu não conhecia
Talvez sejam os olhos distanciados dos jogos, não sei. Talvez seja mesmo a
constatação do nascimento de um brasileiro diferente que se conscientiza.
Antes,
tudo era só festa. Hoje, o brasileiro me parece mais atento. Está mais crítico,
mais focado em seu país como um todo.
Foi
isso que vi, num contraste singelo e festivo, antes do começo do último jogo.
Ao lado do palco de areia e do telão, onde milhares e milhares de brasileiros e
estrangeiros se confraternizam para assistir aos jogos, a Avenida Atlântica se
enfeitava com outra festa, a festa da manifestação das vontades de nosso povo.
E
são vontades singelas, viscerais, vitais, que pertencem a um campo mais amplo, o campo desse nosso querer, este campo que não foi feito para competições, mas para a constatação do óbvio. O que o povo quer é simples, vital:
Mas
parece que é preciso ser "gritado" em várias línguas. E nem sei se é
apenas para que o estrangeiro que passa por ali, cheio de festa no coração e
desavisado de nossos problemas, possa entender. Afinal, uma passeata pacífica
de protesto em plena festa, tem de ter uma razão de significativa importância:
Quem
sabe, sirva também para que os responsáveis pelo gerenciamento da verba pública
e da administração da sagrada vontade do povo, acabe por ler, em inglês,
o que parece que, há muito tempo, não conseguem entender em sua língua pátria...
Antes,
quando a bola rolava, o povo se esquecia de tudo, até de comer. Hoje, felizmente,
enquanto a bola rola, mostramos que não vivemos mais só de pão e circo.
Que
nos ouçam! Estamos crescendo, viu?
2 comentários:
Tomara que nos ouçam mesmo!!!
Quanto aos protestos, há um detalhe: me parece que estão ocorrendo porque a copa está sendo realizada aqui.
Veremos se se repetirão quando na próxima.
Aliás, protesto bom é protesto permanente, enquanto durar o problema e o não atendimento às necessidades.
Espero do fundo do coração! Mas confesso que tenho medo do sucesso da Copa em nosso país seja confundido com sucesso dos governantes... E que nada mude.
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