PASSO O PONTO

 Como nas lojas, não adianta insistir. Se a vida não vai bem, o melhor negócio é passar o ponto. 

Passo o ponto, porque aprendi a me entregar ao jogo da vida, com seus números indecifráveis e misteriosos, com resultados surpreendentes, muitas vezes inesperados. Foi quando me dei conta de que, entre o preto e o vermelho da roleta da vida, é possível vislumbrar novas cores. 

Passo o ponto para os que preferem empacar no ponto. Muitas vezes, tentei tira-los de lá, mas não quiseram e desisti. Foi então que aprendi que cada um é que sabe onde quer fincar seu ponto, mesmo que fique lá, “dormindo no ponto”, esperando por um ônibus que nunca virá.

Aprendi a passar o ponto sempre que me dou conta de que a vida que quero é outra. Mas, para aprender isso, também finquei pé muitos anos num ponto que mais parecia ponto cruz do que tricô.

Por falar em tricô, adoro fazer tricô com os que me querem bem... aprendo muitos e novos pontos ali. Então, eles ou elas é que me passam o ponto. Mas é um ponto diferente, saudável e feliz. Agradeço à vida por isso e, principalmente, a essas pessoas queridas e tão amadas!... Como é bom tricotar com gente de verdade, saudável, amorosa e autêntica!... É como estar em casa, com sua própria alma refletida em cores, marcando pontos de harmonia e luz!

Passo o ponto para os amores que me quiseram, mas não me mereceram e também para os que quis e se foram. Foi quando aprendi a não marcar ponto nas tristezas das perdas e seguir adiante para poder ser feliz.

Passo o ponto.

Passo e pronto, ou melhor, pronta. 

Pronta sempre... para as interrogações, exclamações, vírgulas e reticências da vida.

Quanto ao ponto... passo o ponto! Até que ele venha por si mesmo e eu, cansada de tanto caminhar e viver, esteja pronta para o ponto final. 

Até lá, sempre que se faz necessário, aprendi a passar o ponto. E pronto.