sábado, 1 de outubro de 2011

O TERAPEUTA



Eu já o conhecia antes de “conhecê-lo” .

Começou comigo embirrada com ele. Tudo porque um doce e meigo amigo, que tinha sido meu aluno e orientando, já amado como filho, teve um treco. Hoje esse “menino” tem mais de quarenta anos e somos amigos desses que ficam um tempão sem se verem, mas quando se encontram rodam a noite filosofando sobre tudo e sobre nada, até cairem de sono, mas ninguém querendo ir embora. Quantas madrugadas e manhãs nos pegaram juntos...

Pois é... mas ele, ainda bem moço, teve um treco. Quem não tem dentre os que são, realmente, conscientes do mundo de hoje? Ele teve... e dos bravos. Sua esposa veio correndo me pedir para dar um jeito nele. Mas era fundo mesmo... acabou numa psicóloga que diagnosticou esquizofrenia e indicou um psiquiatra. Eu achava que ele podia ter tudo, menos esquizofrenia. Seria consciência do que estava se passando ou meu amor por ele? O fato é que caiu nas mãos de um psiquiatra.

Foi então que comecei a detestá-lo, mesmo sem o conhecer. Preconceito. Mas o homem, logo de princípio, garantiu que esquizofrênico ele não era. Menos mal. Meu amigo, mesmo com meu nariz meio virado, começou uma terapia com ele e acabou se empolgando pelo homem. Eu... muito cabreira, mas... se ele estava gostando...

Nas palavras do meu amigo, ele parecia estar mais para “terapeuta” do que para psiquiatra e isso temperava a análise...

Depois de cinco anos, meu amigo estava com banho de alma tomado e muito bem. Incrível. Invejável. Dei meu crédito, dei minha mão à palmatória.

Um ex-namorado teve uma depressão daquelas. Largou o analista que tinha e ficou perdido no mundo. Me procurou como quem procura uma tábua de salvação. Mandei pro homem. Ele se ajeitou e deve estar por aí, por esse mundão dos meus deuses. Parece que deu certo.

Uma amiga também pifou. Mandei pro homem. Está lá, até hoje e parece que está dando certo.

Eu, lá na minha vida de trabalhar com Reiki, Florais de Bach e aconselhamento. Volta e meia, quando via que o caso estava além do meu conhecimento, passei a indica-lo. Eu já tinha feito terapia, mas me afastara de meu terapeuta por razões éticas: ele deu um furo desses que não se dá, melhor nem comentar. Este, portanto, não servia. Fiquei meio sem luz e passei a ter esse outro, como referência. Ademais, era perto do meu consultório, o que também facilitava tudo para meus clientes.

Mas eu nunca o tinha visto ou falado com ele, sequer por telefone, e ficava imaginando que ele não deveria saber que tal Eulalia era essa que, de vez em quando, mandava alguém prá lá.

Um dia, um amigo que se mudou para o nordeste precisou de apoio terapêutico. De longe, eu não podia ajuda-lo. Não conhecia ninguém por lá. Que fazer? Me lembrei do homem. A saída estava ali. Peguei seu telefone e deixei um recado na secretária eletrônica. Ele retornou logo. Pedi o nome de um colega em Recife. Ele deu. Conversamos amigáveis por alguns momentos. Dois terapeutas, se conhecendo pela voz. Gostei do que ouvi, ou melhor, como ouvi.

Um ano depois, telefonei, de novo. Eu não estava bem, precisava de um apoio terapêutico. Mas... quem procurar? Depois do desastre do primeiro terapeuta, a coisa fica difícil. Pensei em procurá-lo, para que me indicasse alguém. Afinal, eu tinha mandado tanta gente lá que não sabia se ele me aceitaria como mais uma. Disse que queria encontra-lo ao vivo. Marcou para a mesma semana. Entrei no seu consultório, expus a situação. Ele, de pronto, disse que teria a indicação. O que eu tinha em mente?

- Eu queria você, mas acha que seria possível?

- Por que não? Afinal, você mandou tantas cobaias, antes, para ver se eu prestava...


Sorri da graça. No fundo, inconscientemente, foi o que eu fiz. Emendei numa terapia naquela mesma semana.

Que caminhos encontramos para nós mesmos... hoje rimos juntos da artimanha que urdi.

Aliás, ele faz aniversário depois de amanhã. Tim-tim!

3 comentários:

pblower disse...

Parabens pelo texto e para o terapeuta pelo aniversario e pelo bonito trabalho.

Marcelinho disse...

Happy birthdayyyyyy para seu amigo conselheiro terapeuta!!! Mas quem de nós já não fez isso?!! Como eu digo, melhor um médico ruim RECOMENDADO por amigos (para até ter com quem reclamar), do que pegar um no escuro, opps... no livrinho do plano de saúde!!! kkk...
bjuxxs

Celina disse...

O importante é ser feliz, ou sentir que se está fazendo algo para. Encontrar um terapeuta já uma felicidade e um caminho para a tal que tanto a gente persegue! Parabéns pra ele e ... para você, por escrever assim gostoso de ler. bjs