sábado, 7 de maio de 2011

MONALISA


É... eu não devo entender nada de arte mesmo. Confesso. Que me desculpem...

1975: jovem e cheia de ansiedade por coisas novas, estava enlouquecida para ir ao Louvre. Imagine, estava em Paris, estava no mesmo chão de um dos melhores museus do mundo!

Tinha de ser no dia seguinte mesmo. Ávida por conhecê-lo, nem liguei para a imensa fila de espera.

Ao entrar, o primeiro impacto: A Vitória de Samotracia! Pensei que iria desmontar. Dois países dos meus sonhos unidos em uma única imagem: França e Grécia. Era demais para o meu coração. Fiquei por ali iluminada pela estátua de volume colossal. Tão intensa quanto delicada, um anjo de luz. Por mim, o dia estava ganho! Ficaria por ali até o museu se fechar, decorando cada dobra de suas vestes transparentes, saídas do mar.


Mas havia atrações que não poderiam deixar de ser visitadas, como a Venus de Milo e... a Monalisa. Fui, portanto, em busca delas. Confesso que consegui ludibriar o segurança do museu e, como uma menininha de dez anos, tocar a estátua tão perto de mim, só para dizer, um dia, que havia tocado na Venus de Milo...

Em busca da Monalisa, passei por um quadro que hipnotizou meus olhos: Saint Joseph Charpentier, de Georges de La Tour. Um quadro pintado em torno de 1640. A luminosidade do quadro quase me impediu de seguir adiante! Mas era preciso ver Monalisa...

Cheguei, finalmente, em frente ao quadro, obra prima de meu amantíssimo Leonardo. Eu não poderia imaginar que, dez anos depois, teria o privilégio de visitar seu museu em Milão, de onde sairia encantada com tanta genialidade e beleza!

Mas eu estava ali, diante de Monalisa. Boba, sem saber o que dizer... tão misteriosa que eu não conseguia reconhecer o resultado de minha expectativa e meu encantamento. Me senti a última das criaturas, depois de tantos anos de espera. O quadro estava ali, meu amor por Leonardo estava ali, mas o quadro nada me disse, minha alma não correspondia a meus anseios. Saí cabisbaixa, voltei para Saint Joseph de George de La Tour. Sentei-me a sua frente, embevecida. É... arte não se discute. A beleza está nos olhos de quem a vê.

Saí amando Leonardo do mesmo jeito. O verdadeiro amor é incondicional. E minha admiração renasceu, então, dez anos depois, em Milão, quando vi a galeria de suas artes, da construção de sua pintura, de seu conhecimento sobre quase tudo - desde artes até tecnologia, passando por conhecimentos de biologia, geologia, anatomia, arquitetura, física, enfim, o gênio que ele realmente foi. Cheguei cedo ao museu e só saí porque suas portas estavam se fechando atrás de mim, com os seguranças expulsando os últimos visitantes.

Mas Monalisa... fui em busca de estudos sobre a obra, queria entender a minha ignorância, mesmo que não chegasse a entender o quadro. Mas tenho de ser o bastante humilde para confessá-lo: não entendo mesmo nada de pintura. Que fazer? Não se pode saber de tudo... um dia, com certeza, Leonardo me perdoará. Assim espero.

3 comentários:

Virgínia Bravo disse...

Vou repetir sua frase"arte não se discute" ...assim o que é bonito para uns ,não agrada a outros!!!!!Mas você entende de arte sim.assim como eu de literatura.Só que cada uma de nós se delicia com o que mais nos apaixonamos-você com letras ,eu com arte.
Adoro realmente ler seus contos! bjs

Miriam disse...

Só conheço a sra. Monalisa por fotos, mas sinceramente, não tenho nenhuma vontade de conhecê-la... Que bom que não sou só eu!! Bjs.

Celina disse...

Essa sensação de desapontamento eu também senti, embora tenha ficado emocionada de ver. Pelo tamanho, principalmente,e pelo fato de ter tanta gente na frente. Arte é assim mesmo, e gosto não se discute. bjocas