Cabelos grisalhos. Curtos. Assumidos - sem tintura. Acho que ficam charmosos. Gosto de me ver assim.
Tiveram sua
época, quando longos e macios.
Tem, de novo, sua época, mais grossos, por causa
dos fios brancos.
Mas,
nesta semana, me lembrei de meus cabelos de modo especial. Há trinta anos, eles
eram longos, castanhos. Acabaram escurecendo um pouco mais e, depois, ficaram
assim, misturados.
Não
sei por que, quando tinha pouco mais de vinte anos, fui induzida a corta-los... para fazer um aplique. Imagine que,
naquela época, os apliques estavam mais do que na moda. No fundo, parecia um
absurdo que eu, com cabelos tão bonitos (desculpem a falta de modéstia), fosse
me convencer a corta-los para fazer um aplique para mim mesma!
Era
uma pessoa da família que sabia fazê-los. E queria porque queria fazer um
aplique com o meu cabelo...
Acho
que acabei cedendo, mais por delicadeza do que por vontade. Afinal, meu cabelo
crescia (e cresce!) muito rápido. Acabaria ficando grande novamente...
Assim,
fiz uma trança de um pouco mais de um palmo e... ela meteu a tesoura. Fosse hoje, não teria encostado num fiozinho
sequer. Mas... naquela época...
O
fato é que nunca fiz o tal aplique.Eu nunca fui chegada a
artificialidades. Para que usar um aplique se eu tinha meu próprio cabelo para
fazer o penteado que eu quisesse? Eu não ia usar mesmo e, apesar de toda a
insistência, resolvi guardar o cabelo comigo para ver o que faria depois.
E
foi ficando, foi ficando... e ficou guardado até hoje. Quando abro a gaveta
onde se encontra, por vezes, o retiro do papel em que é guardado e observo como
mudaram em suas características: castanho, sedoso, comprido. Foi meu. O que
fazer com isso?
Há
anos atrás, ofereci a uma amiga que estava fazendo quimioterapia. Mas ela achou
que seria mais fácil comprar uma peruca pronta.
E...
foi ficando.
Ontem,
visitando um site, ao acaso, encontrei um Grupo denominado Cabelegria.
Dedicam-se a aproveitar cabelos para crianças com câncer. Tamanho mínimo do
cabelo: um palmo. Aceitam até os danificados por tintura.
Sorri...
como eu podia imaginar que algo que eu não utilizei porque não gosto de coisas
artificiais poderia servir, um dia, para uma criança que, na época, nem pensava
em nascer?
Coisas
da vida...
Mas
achei o destino de uma parte de mim, guardada, num canto, esperando serventia.
Quem
diria...
Então...
lá vai! Vou mandar pelo correio nos próximos dias, sem falta.
Obs.: se você
também deseja doar seus cabelos à Cabelegria, visite a página https://www.facebook.com/cabelegria?ref=profile
3 comentários:
Gosto do seu cabelo curto e grisalho, natural!
Muito bom poder doar agora para uma causa tão bonita! Bjs. :)
Que coisa boa!!!!
Também gosto de vc exatamente como você está! Exatamente porque o que você quer ser e parecer e transparecer e te admiro por isso. E com esses olhos, minha querida, que falam com a gente sem uma palavra necessária...
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