Quando
vou a Buenos Aires, a ida ao Rosedal é obrigatória. E vou a Buenos Aires muitas
vezes, principalmente por conta dos cursos de Reiki. Geralmente, passo uma
manhã ou uma tarde inteira passeando entre os mais diversos tipos de rosas, nesse
jardim tranquilo e sempre encantador.
Ao
fundo, o barulho dos carros que atravessam as avenidas de Palermo é a única
lembrança de que estamos em pleno bulício de uma cidade grande. O que conta
mesmo é o canto dos pássaros e o farfalhar do vento fresco, em plena primavera
ou verão.
É
bom voltar ao jardim, no meio das rosas, como quem não deixa de visitar um
amigo, quando passa por sua cidade. Sento-me aqui e ali, desfruto os perfumes,
as cores...
Da
última vez, no entanto, uma coisa me chamou a atenção. Era um dia belíssimo e
fiquei imaginando que, se eu fosse uma abelha, aquele seria o paraíso que a
natureza teria criado para mim: tantas e tantas roseiras floridas a minha
disposição. Comecei a procurar por elas e, incrivelmente, não consegui achar
uma sequer voejando em torno de tão galantes princesas.
Havia
ido tantas vezes ao Rosedal e nunca tinha me dado conta da ausência das
abelhas. E é justamente nestes momentos, que a vida nos revela seus mais
discretos segredos: baixando os olhos para umas florezinhas amarelas que
brotavam sem cuidados pela relva, descobri minhas trabalhadeiras.
Não nas mais belas, perfumadas, vistosas e
premiadas por concursos... não... justamente naquelas que ninguém vê,
disfarçadas na grama, como que pedindo licença, nas beiradas dos espaços da
nobreza.
Estava
ali, onde quase não se nota, a mais pura e verdadeira riqueza desse jardim.
Pequenos frascos... poderosas poções...
Obs.: para quem gosta de exposição de flores: a rosa lilás, foto exposta
no texto, chama-se Meibrelon, de Michele Richardier, França. Recebeu o primeiro prêmio, em 2005, como a rosa mais
perfeita do jardim. O concurso ocorre uma
vez por ano, na primavera.
3 comentários:
Muito interessante, Lalinha.
No trecho em que você escrever "abelha" pela primeira vez, logo pensei justamente nisso: eu também nunca vi abelhas "visitando" rosas.
Na próxima vez, olharei para o chão.
Talvez me ocorra o mesmo que aconteceu com você.
Ao mesmo tempo, me veio um pensamento: "Ué... Já repararam que existe mel de tudo quanto é florada, menos de rosas?".
Dá o que pensar, né?
;-)
Bjs
Acho que é porque elas são provenientes de enxertos e não de sementes... pelo menos, as que eu conheço e, por isso, não precisam da ajuda da natureza para reprodução.
São lindas, mas artificiais... como certas pessoas....
É a lição que levo, quando vejo coisas assim. E tento saber aproveitar a beleza, sem deixar que sobrepuje o essencial ;)
Singelo é você ter olhos para ver esse detalhe. Passaria despercebido a muitos˜
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