Pois é.
Deu mesmo.
Mas o
que eu acho mais constrangedor, sendo parte da espécie humana é que o dedo
sempre está apontado para o outro, para o sistema, para a política mundial,
para a corrupção da patota disso, da patota daquilo, muito embora tudo isso
seja uma evidência palpável, verdadeira e irrefutável, com a qual eu concordo.
E como
concordo!!! Plenamente!!!
Enquanto
concordo com isso tudo, no entanto, também não deixo de pensar: o que fazemos
de nós mesmos(as) nessa muvuca toda? O que fazemos de nós, para podermos dizer
qualquer coisa, antes de criticarmos o que nos entorna? Qual a contribuição que
damos de e para nós mesmos? Como nos posicionamos, de verdade? Digo... no
sentido de estarmos fazendo algo que valha a pena de fato para os
propósitos de nossa verdadeira existência e para a existência do mundo?... É
tão mais fácil olharmos para fora... até parece que somos perfeitos!... (?)
Não
quero me referir apenas à existência social, ao bem estar no mundo, nos seus
aspectos psico-socio-político-econômicos, embora ache tudo isso de suma
(sumíssima!) importância.
Mas é
que estou me referindo ao ser interior, ao “ser-alma”...
Olho
para mim mesma e... por estar me fazendo
todas essas perguntas, e por me reconhecer como fazendo também parte
daqueles(as) que apontam o dedo para fora (e como aponto!...) é que me vejo olhando
para o quanto de m... cada um de nós
está fazendo e, ainda assim (ou será que por boicotar isso?) se sente no
direito de questionar o “valer a pena” o mundo de hoje.
É fácil,
por exemplo, criticar tanto sobre o mundo estar poluído. Mas passo a me
perguntar, de verdade, quanto de lixo diário eu mesma faço e quanto desse lixo
eu poderia evitar fazer. É isso mesmo... nas pequenas coisas!
É fácil
dizer que o mundo está corrupto e desorganizado. E eu me pergunto quantos
sinais de trânsito eu transgrido por dia. Às vezes, dezenas, na minha
impaciência de atravessar a rua...
E é só
para me referir a minhas pequenas coisas, pois o texto não está aqui para eu me
fazer um “mea culpa”...
Não nos
vemos como somos porque não carregamos espelhos. E acabamos por ver nossos
defeitos espelhados nos defeitos do próximo... é tão mais fácil apontar o dedo
para lá...
Só
apontar o dedo é tão confortável... é tão acolhedor... é tão... hum...
“boicotador”...
Bem...
era para ser um conto... mas acabou sendo uma passada pelo meu espelho.
Sei que
vou viver varrendo minha casa interior. Tem tanto lixo lá! Mas, de brinde,
enquanto limpo o meu lixo, acho que fico mais tolerante com o lixo alheio ou,
pelo menos, me incomodo menos com ele. E consigo viver melhor.
Pode
parecer alienação, mas... se não posso dar conta do “sistema” e não tenho como
efetivamente modificá-lo neste momento, uso as armas sociais que tenho, naquilo
em que posso e como posso, enquanto busco, em mim mesma, as razões de minha
existência.
Por
enquanto, é o que dá para fazer.
Para
mim, ajuda. E para você?
Obs.: Gravura
retirada do Facebook, página “A Caverna do Sátiro”.
3 comentários:
Me espelhando na sua reflexão!!
Amei!! Bjs. Miriam
Apontar o dedo, criticar e manifestar qualquer ato de insatisfação é saudável, desde que feito com responsabilidade.Cada ato que praticamos deve conter em sua essência não apenas o nosso benefício, mas, também, o bem-estar de outras pessoas. Nossa contribuição pode ser resumida em pequenos gestos e obterá resultados desde que esteja em consonância com o ritmo cósmico.Somos parte de um todo que tem leis próprias e que até hoje leva uma multidão de filósofos a se debaterem em suas idéias.
Que saudades de lê você, Eulália :)
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