sábado, 22 de setembro de 2012

DEU MESMO


Pois é. Deu mesmo.

Mas o que eu acho mais constrangedor, sendo parte da espécie humana é que o dedo sempre está apontado para o outro, para o sistema, para a política mundial, para a corrupção da patota disso, da patota daquilo, muito embora tudo isso seja uma evidência palpável, verdadeira e irrefutável, com a qual eu concordo.

E como concordo!!! Plenamente!!!

Enquanto concordo com isso tudo, no entanto, também não deixo de pensar: o que fazemos de nós mesmos(as) nessa muvuca toda? O que fazemos de nós, para podermos dizer qualquer coisa, antes de criticarmos o que nos entorna? Qual a contribuição que damos de e para nós mesmos? Como nos posicionamos, de verdade? Digo... no sentido de estarmos fazendo algo que valha a pena de fato para os propósitos de nossa verdadeira existência e para a existência do mundo?... É tão mais fácil olharmos para fora... até parece que somos perfeitos!... (?)

Não quero me referir apenas à existência social, ao bem estar no mundo, nos seus aspectos psico-socio-político-econômicos, embora ache tudo isso de suma (sumíssima!) importância.

Mas é que estou me referindo ao ser interior, ao “ser-alma”...

Olho para mim mesma  e... por estar me fazendo todas essas perguntas, e por me reconhecer como fazendo também parte daqueles(as) que apontam o dedo para fora (e como aponto!...) é que me vejo olhando para o quanto de  m... cada um de nós está fazendo e, ainda assim (ou será que por boicotar isso?) se sente no direito de questionar o “valer a pena” o mundo de hoje.

É fácil, por exemplo, criticar tanto sobre o mundo estar poluído. Mas passo a me perguntar, de verdade, quanto de lixo diário eu mesma faço e quanto desse lixo eu poderia evitar fazer. É isso mesmo... nas pequenas coisas!

É fácil dizer que o mundo está corrupto e desorganizado. E eu me pergunto quantos sinais de trânsito eu transgrido por dia. Às vezes, dezenas, na minha impaciência de atravessar a rua...

E é só para me referir a minhas pequenas coisas, pois o texto não está aqui para eu me fazer um “mea culpa”...

Não nos vemos como somos porque não carregamos espelhos. E acabamos por ver nossos defeitos espelhados nos defeitos do próximo... é tão mais fácil apontar o dedo para lá...

Só apontar o dedo é tão confortável... é tão acolhedor... é tão... hum... “boicotador”...

Bem... era para ser um conto... mas acabou sendo uma passada pelo meu espelho.

Sei que vou viver varrendo minha casa interior. Tem tanto lixo lá! Mas, de brinde, enquanto limpo o meu lixo, acho que fico mais tolerante com o lixo alheio ou, pelo menos, me incomodo menos com ele. E consigo viver melhor.

Pode parecer alienação, mas... se não posso dar conta do “sistema” e não tenho como efetivamente modificá-lo neste momento, uso as armas sociais que tenho, naquilo em que posso e como posso, enquanto busco, em mim mesma, as razões de minha existência.

Por enquanto, é o que dá para fazer.

Para mim, ajuda. E para você?


Obs.: Gravura retirada do Facebook, página “A Caverna do Sátiro”.

3 comentários:

Anônimo disse...

Me espelhando na sua reflexão!!
Amei!! Bjs. Miriam

Carlos Alberto disse...

Apontar o dedo, criticar e manifestar qualquer ato de insatisfação é saudável, desde que feito com responsabilidade.Cada ato que praticamos deve conter em sua essência não apenas o nosso benefício, mas, também, o bem-estar de outras pessoas. Nossa contribuição pode ser resumida em pequenos gestos e obterá resultados desde que esteja em consonância com o ritmo cósmico.Somos parte de um todo que tem leis próprias e que até hoje leva uma multidão de filósofos a se debaterem em suas idéias.

Polly Moraes disse...

Que saudades de lê você, Eulália :)