sábado, 9 de junho de 2012

BEL


Como um sol enviado d’além mar às costas brasileiras, Bel apareceu, um dia, no meu blog de contos, enviando-me um raio de luz em palavras sonoras e iluminadas. Sorriu-me do Minho (Portugal), sem saber que tocava o coração de uma carioca também lusa por parte de pai.

De lá para cá desde não sei quando - pois essas amizades gentis não contam data -, recebo, vez por outra, mails encantadores, em versos de prosa belíssima e colorida. Seu texto é sempre delicioso e belo, mas não há o que faça convencê-la a publicá-los num blog apropriado e à altura de tanto encantamento: tesouro escondido...

Mas Bel é assim, simples, na singeleza de seus traços, com sua tez minhota, de cidade que visitei com os olhos, em minha ida a Valença, sem saber que Bel existia, ainda bem criança. Quem diria...

Agora nos trocamos sentimentos e carinhos, amigas no mundo, unidas por esta maravilhosa máquina moderna.

Alguns meses atrás, enquanto recostava-se ao lume e calor da lareira, eu me derretia no tórrido verão carioca.

Por estes dias, com certeza, ri-se do meu inverno de 20 graus...

Nossas almas caminham juntas, muitas vezes. Tomamos chá com alguma frequência, geralmente, nos jardins de sua aldeia campesina. Aqui, quase não. Ambas preferimos, para nossos encontros, o cantar dos pássaros, longe da fumaça das ruas e ruídos da cidade grande, embora o Rio tenha, também, recantos favoritos de rara beleza. Mas gosto de passear com ela por sítios que vislumbrei quando mais moça, aproveitando o ar minhoto quanto possa, através de seus convites encantadores.

Trocamos receitas como comadres, ela descrevendo as minúcias dos pratos do norte português, tão caseiros aos meus ouvidos dos tempos em que lá estive. Dou-lhe minhas singelas receitas, como a do biscoito de maisena, por saber não ser tão boa cozinheira quanto ela. Qualquer dia desses, mando-lhe a do vinagre aromático (confiada a mim, dos segredos de minha avó). Por certo, gostará.

Ouço, daqui, o ranger de seu portão, quando sai a trabalhar. Acho que ela sente os cheiros de meu pipoqueiro da esquina...

Jogamos conversa fora, trocamos segredos ingênuos.

Um dia, passo lá, de verdade, para tomar um chá... quem sabe... nunca é tão impossível, nesse tão grande mundo pequeno.

Somos assim, de lá e d’aquém mar.

Com carinhos de irmã mais velha, ouço-lhe o coração e, ela, com certeza, toca o meu com seus cuidados.

Um comentário:

Carlos Alberto disse...

Que maneira esplendorosa de escrever, quanto brilho nas palavras !
Ótimo final de semana!