domingo, 12 de agosto de 2012

SOU DESSAS



A vida vai tecendo os anos e vai fazendo com que se acentuem ou amenizem características e se delineiem, de várias formas, atitudes e comportamentos.

No geral, a vista embaça os defeitos, mas, se temos bons lastros - e bons amigos que nos ajudem a percebê-los!-, eles vão-se resvalando aqui e ali, se ajeitando, se arrumando e se amenizando, conforme nossas vontades. Mas estão lá, para nos deixarem sempre com a atenção voltada para a escalada interior.

As qualidades aparecem fácil, são vistas com brilho e, quando o brilho é saudável, enfeita a vida interna, nos empurrando para frente. Essas são fáceis de ver.

No que se refere ao espírito contemplativo, acho que agucei meus olhos, meus ouvidos e minha mente. Gosto de passear sem pressa, sem ter de chegar correndo e sair depressa. E descobri, principalmente através do meu gosto por fotografar, que esta marca, com o passar do tempo, mais aguçou o meu coração. De brinde, ajudou a trabalhar o defeito de minha pressa impaciente por querer as coisas para ontem.

Sou dessas que espera que o sol fique no meio da pirâmide, pelo simples gosto de vê-lo ali,



Que espera o banco ficar vazio para uma foto desejada,



Que o grupo de turistas deixe o espaço vazio para a foto sair limpa,








Que se dá tempo de buscar o detalhe,






de esperar o momento





ou que alguém componha a foto para enfeita-la a meu modo.




Aprendi, com a arte da paciência ao fotografar, muitas das paciências da minha vida.

Não preciso sair correndo para entrar primeiro no avião – o meu lugar está marcado, posso entrar por último, se quiser; não preciso disputar o lugar no trânsito para um apressadinho qualquer. A diferença de chegar ao mesmo lugar será de uns cinco minutinhos, no máximo, se eu não forçar a passagem. O brinde é que não me estresso.

Descobri, com o tempo, que só é preciso lutar para sair na frente comigo mesma, com meus defeitos, com minha busca constante de aperfeiçoamento.

Fora isso, sou dessas que, com a idade, aprendeu que é preciso ter calma para chegar longe.

Outro dia, vi um cartum muito interessante: a tartaruga incitava o coelho a uma corrida para ver quem chegava em casa primeiro. O coelho, muito esperto e contando com suas pernas, aceitou prontamente. A tartaruga simplesmente se encolheu dentro de seu casco e disse:

- Ganhei.

Aprendi que é preciso correr para dentro de si mesmo. O resto são percursos, cotidiano, convivência e experiências a serem adquiridas.



Obs.: Lugares das fotos: 1, 6 e 7 - Buenos Aires; 2 e 12-  Paris; 3, 4 e 5 - Lisboa; 8, 9, 10 e 13 - Rio de Janeiro; 11 - Paradise Point, EUA.

3 comentários:

Dani Dias disse...

Amei, amei, amei. :)

Carlos Alberto disse...

" Ter calma para chegar longe ", para o grande além de dentro, uma viagem infinita.

Celina disse...

As fotos são poesia concreta. O texto, poesia mesmo!