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sábado, 3 de maio de 2014

QUEM MANDA AQUI?



Estou há quase três semanas às voltas com meu computador.

Quando penso que "ficou bom", ele inventa outro problema.

Novinho, não completou nem seis meses. Não posso nem dizer que ele está com problema de "junta" ("junta tudo e joga fora"). Não é problema de hardware, é de software mesmo. Meu amigo, que  é um excelente especialista na área, está apanhando com ele, em noites super generosas que passa aqui, comigo, trabalhando na máquina para dar um jeito.

A terminologia configuração, programas incompatíveis (programas novos com antigos - estes, sim, com problemas de "junta"), sistemas, downloads, settings estão povoando meu inconsciente e criando imagens em meus sonhos. Noites curtas.

Acordo cansada, olho para a máquina e penso: caramba, ainda falta resolver isso, aquilo, aquilo outro...

Como era nossa vida antes que essa parafernália insolente surgisse em nosso cotidiano?

Dou a mão à palmatória, não posso negar: a vida era bem mais difícil. Lembro-me de que escrevi minha tese de doutorado, na década de oitenta. Eu mesma a digitava na "moderníssima máquina elétrica da IBM". Quando errava, tinha o "moderníssimo corretor automático" para apagar a letra. Tem gente que nem sabe o que é isso. Quem nasceu depois de 80, com certeza, deve estar lendo esse parágrafo como se fosse em língua estrangeira. É coisa do tempo de "vovô criança". Não tinha "delete". Também não tinha como "copiar" e "colar". Se errasse um parágrafo ou quisesse deslocá-lo do lugar, não tinha jeito: era mesmo datilografar (a expressão não era digitar) toda a página de novo. Quanto tempo perdido...

Agora é rápido e "indolor". Uma maravilha!!!

Sem contar o fato do evento da internet!

Além disso, naquela época, algo parecido com um celular só em filmes de ficção científica...

Não posso negar. O mundo melhorou muito em termos de comunicação. Quanta sofisticação simplificando a vida da gente! Mas sofisticação traz, também, os mais sofisticados problemas...

Não tenho saudades do passado. Mas, quando me deparo com essas intempéries, não posso dizer que esteja num paraíso de presente.

É uma parafernália de HDs externos que ficam incompatíveis uns com os outros, uns back ups impossíveis em maquinetas sofisticadas. Dá a impressão de que comandam a sinfonia e também a nós, seus donos, condenando-nos a noites de insônia até que elas resolvam se entender.

Não é a competência do técnico colocada em jogo. Longe disso. É a super competência da máquina rebelde a seus comandos. É o preço cobrado em escravidão, em busca de maiores confortos, seguranças e sucessos. Sou rebelde. Acho que a máquina tem de nos obedecer e não nós a ela. Mas enquanto não nos escravizamos a sua linguagem, não conseguimos dominá-la. Que contrassenso!...

O objetivo é facilitar o trabalho. Mas a luta até que a máquina obedeça a nossos interesses é árdua. No meu caso, impede a leveza, tira o tempo para soltar as rédeas da imaginação e dos textos, atrasa o trabalho, interrompe a fluidez do cotidiano. Meu livro está parado. Meus textos estão saindo aos trancos...

Outro dia, vi uma tirinha de jornal muito interessante, sobre a civilização invadindo as tribos indígenas totalmente desligadas da tecnologia: no primeiro quadrinho, homens brancos trazendo notes, celulares, impressoras e um bando de outras tecnologias para os índios que os olhavam curiosos: 

- Estamos trazendo a modernidade para vocês. 

No segundo quadro, os índios estavam recebendo todos os "presentes" e o homem branco dizia: 

- Daqui a um mês, traremos pílulas para dor de cabeça. 

Ri muito. Dizem que a tecnologia veio para resolver todos os problemas que tínhamos antes. Resolveu. Mas trouxe, também, um monte de problemas que não tínhamos. É verdade!

Como todos (quase todos), no entanto, me rendo a essa tecnologia. Ela veio mesmo para nos colocar adiante. Não fosse ela, sequer eu estaria escrevendo para você agora!

No momento, no entanto, só consigo pensar: 

- É... mas a que custo! 

Que o leitor me perdoe. É um desabafo.

Quando tudo estiver funcionando, novamente, talvez eu nem me lembre do pesadelo que me fez escrever esse texto.

Tomara!