Contos verdadeiros, talvez enfeitados pelo meu amor pela vida. Agradeço a motivação insistente de amigos e amigas, sem a qual eles jamais teriam saído do meu computador (sorriso).
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sábado, 12 de maio de 2012
O GARI E A ROSA
Outro dia, estava falando sobre uniformes e o que representam publicamente. Cumprimentamos a pessoa ou o uniforme? E quem nos responde é a pessoa ou o uniforme? Se você leu o conto “Uniforme” sabe a que me refiro.
Eu não sei o que dá na pessoa que usa o uniforme... talvez investida do sentido do que é o “público” e, colocando-se no lugar do “confiável”, responda ao cumprimento.
Ou será que não?
Lembrei-me, nesta semana, novamente do conto e ele me trouxe outra singela lembrança.
Dia desses, eu estava para atravessar a rua. Coincidiu com a passagem de um gari, a meio fio, varrendo o lixo e o colocando em seu carrinho. Eu, distraída e na expectativa do sinal verde da Barata Ribeiro, rua quase sempre muito movimentada, esqueci meu olhar em seu trabalho. Foi quando nossos olhares se cruzaram. Sorri-lhe. Ele me sorriu de volta. Fiz-lhe um ligeiro aceno com a cabeça, pois estávamos distantes para um cumprimento ao som da voz. Ele me sorriu, buscou algo guardado ao lado da lixeira. Era uma rosa vermelha. Aproximou-se de mim e me deu um delicioso bom-dia acompanhado da flor:
- Estava guardando para dar a alguém como a senhora. Bom dia.
Agradeci-lhe a gentileza, surpresa e sorridente. O sinal abriu e nos despedimos:
- Bom trabalho!
- Bom dia, que Deus a acompanhe.
Deus e a rosa, pensei... e também a lembrança do gentil cavalheiro. Atravessei. A rosa, provavelmente, tinha sido colhida em alguma esquina, um canto perdido nas ruas dessa cidade variadíssima em seus cultos à natureza, provavelmente, para algum "santo". Mas não importava. Um gesto como esse, tão puro e delicado, enfeitiça sempre meu coração, eternamente encantado com essa cidade e seu povo.
Mas outra faceta, indubitavelmente se impôs: não sou religiosa, mas cuidados e respeitos eu tenho. Não acredito em bruxas, mas...
Assim, ainda feliz com o ocorrido, mas respeitando as bruxas em quem “não acredito”, andei até o calçadão, escolhi uma árvore e depositei a rosa delicadamente a seus pés.
Depois, segui com a lembrança do gesto do delicado cavalheiro, satisfeita com as gentilezas que, inesperadamente, esta cidade pode nos oferecer e com a discreta sensação do perfume de uma rosa vermelha enfeitando meu coração.
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