segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

ODE PARA O NATAL



 
Um poema de amor ao ser que passa:
o céu é azul e as cascatas brancas
refletem-se em cristais.
Um poema de amor ao ser que abraça
um olhar profundo, tenso ou perdido
e discreto demais.

Um poema de amor a quem tem frio
e uma sede contida no vazio
e que não se desfaz.
(um poema de dor e calafrio
aos excessos dos seres diluídos
e temperamentais)

Um poema de amor desatinado
à pureza dos seres confundidos
que também são mortais.
Um poema de amor apaixonado
à grandeza imensa e absoluta
das coisas naturais.

Eulalia Fernandes (Natal de 2012)

sábado, 22 de dezembro de 2012

A EMPADA




Ontem, passando pela rua, a caminho de casa, havia uma moça vendendo empadas na esquina.

Com esse calor... hum... passei direto.

Mas a imagem fez-me lembrar de algo muito engraçado que me aconteceu quando eu tinha dezesseis anos.

Um casal que gostava de mim como filha me levou e ao meu namorado para passar uns dias em sua casa em Guarapari. Fomos de ônibus, então, os cinco: o casal, eu, meu namorado e a empregada deles.

Pode imaginar como eram as paradas dos ônibus naquela época. Não havia os restaurantes e toda a infraestrutura que há hoje. Pois bem, numa dessas paradas de uma viagem de dez horas, o que havia à disposição era um bar metido a restaurante bem comportado. Pedimos sanduiches, igualmente comportados e um refrigerante, mas a empregada pediu uma empada “daquelas” e uma coca-cola.

Nada contra o refrigerante, mas aquela empada... comentei com meu namorado:

- Isso não vai dar certo...

Mas, como eu não tinha nada a ver com o estômago da tal senhora, fiquei na minha. Não deu outra. Meia hora depois, em plena estrada, a senhora começou a passar mal.

Caí na besteira de comentar:

- Foi a empada.

A senhora retrucou imediatamente:

- Não! Foi a coca-cola...

Hoje, repensando o assunto, vejo quantas pessoas fazem com seus problemas exatamente a mesma coisa...


(Obs.: foto de clickgratis.com.br )

sábado, 15 de dezembro de 2012

TEM CADA UMA...




Adoro trabalhar com Reiki, tendo os florais como complemento. Nesses 14 anos de trabalho com terapia holística, tenho visto resultados que só os deuses acreditam... e eu também, é claro.

O cliente conta seus problemas, conversamos um pouco, muitas vezes tirando poeira e tralhas de baús do passado, que enferrujam as juntas do corpo e apertam o coração. Cuidamos com Reiki, com florais e vamos acompanhando. As conversas se estendem e as tralhas vão saindo. Frequentemente aparecem coisas do arco da velha, já enterradas no passado... desenterramos, cuidamos e, muitas delas vão embora, trazendo saúde de volta!...

É muito bom ver o sorriso dos clientes, aliviados de suas dores físicas e emocionais. É um trabalho, em dupla, muito bom.

Estou atendendo um novo cliente. Uma gracinha de pessoa, com mais de setenta anos. Não importa, aqui, saber dos motivos, mas os há, e muitos, alguns de passado distante, cujas emoções podem, perfeitamente, ser cuidadas com a ajuda de florais.

Nesta semana, no entanto, recebi o telefonema da mulher:

- (nome do marido) está confirmando a consulta de hoje. Mas eu quero que você só faça Reiki. Os florais estão fazendo mal a ele. Anda muito agitado, não dorme direito. Depois dos setenta anos, a pessoa está aqui para ser feliz, não para ficar desencavando problemas. O que ele precisa é ficar calminho e bem relaxado. Parou de tomar os florais. O que queremos é que ele vá aí, faça Reiki e relaxe.

A primeira coisa que me veio à cabeça é que uma pessoa não precisa esperar os setenta anos para ser feliz. Isso já vem embutido no kit do momento da concepção. Mas não iria filosofar com uma “generala” desse calibre. É evidente que não iria discutir, muito menos pelo telefone.

- Vamos ver o que ele diz quando chegar aqui, ok? Veremos o que está acontecendo.

- O que está acontecendo é que ele está agitado, atribulado e em vez de ter o resultado esperado, está pior. Não quero que esses florais tragam à tona problemas do  passado. Eu já recebi Reiki e Reiki não deixa assim. Ele tem de estar tranquilo e feliz agora.

- Ok, vamos esperar a consulta para ver o que ele diz, assim poderemos resolver do melhor jeito possível. A consulta é daqui a pouco, ele poderá me contar o que está acontecendo.

A “generala” com certeza, viu que não iria mandar na minha consulta. Poderia mandar no marido, mas com a terapeuta não tinha chance. O máximo que poderia acontecer seria eu perder o cliente. Sentiria muito com isso, pois sabia que ele estava precisando de muita ajuda. Do outro lado da linha, percebi uma voz indignada despedindo-se:

- Estou aqui para ajuda-lo, não para vê-lo piorar.

- Então, somos duas, querida, pois esta é a característica do meu trabalho. Não faço outra coisa.

- Tá bom, mas ele vai dizer que não quer.

- Ok, aguardo a consulta.

Preparei-me para levar um “bolo” e não vê-lo nunca mais. Mas ele foi!

- Parei de tomar os florais. Estou muito agitado, não estou dormindo bem, foi uma semana ruim. Estou aqui para conversar com você sobre isso. Você acha que poderiam ser os florais?

- Acho muito difícil, pois o que você relata não combina com as características do uso de florais, mas se você não quer tomar florais, podemos parar, o que você acha?

- Eu fui à internet e investiguei tudo sobre os florais que você me passou e vi que são justamente os que tenho de tomar. Também procurei sobre reações adversas e não encontrei.

- Seria difícil você encontrar, pois não há notícia de os Florais de Bach causarem todo esse atropelo que sua esposa me descreveu.

- Minha esposa? Ela falou com você?

- Sim, telefonou-me para confirmar a consulta e para dizer que eu devia suspender os seus florais, pois estavam fazendo mal a você.

- Mas eu não pedi para ela fazer isso. Pedi apenas que confirmasse a consulta, como combinamos.

Menos mal, pensei com meus deuses protetores... a tirania não era direta. Às vezes, é até pior ser uma tirania oculta, mas, pelo menos, ele não estava deliberadamente se escondendo atrás dos comandos conjugais. Notei até uma certa indignação por parte dele o que, para mim, foi um excelente sinal. Acrescentei:

- Pois é. Embora eu tenha ouvido com toda a atenção o que ela disse, quero deixar bem claro que meu tratamento se pauta no que o cliente me diz. Até porque você é bem grandinho. Fiz alusão à frase que mais me chamou a atenção: ela sustentou que, depois dos setenta, a pessoa tem de fazer coisas que só tragam relaxamento e felicidade. Mas você sabe que, se não mexermos no “baú” você não tem como se sentir mais leve. É como querer andar com firmeza num chão instável...

Ele me responde com essa prenda:

- Não há idade para buscar a felicidade, não precisa ser depois dos setenta. A gente tem o direito de buscar a felicidade sempre! Até porque vir aqui e poder falar do que guardamos no fundo do baú... só de falar parece que já alivia um pouco... e tratamento é assim mesmo...

O comentário foi brilhante, mostrando a saúde embutida naquela maneira de pensar. Vi que poderia ir mais fundo:

- Bem, então vamos ao trabalho. O que aconteceu de diferente no seu cotidiano, durante a semana?

Para resumir, ele me contou que sua mãe (de mais de noventa anos) tinha sido internada com batimentos cardíacos beirando os cento e quarenta. Felizmente, estava em casa e melhor. De brinde, sua filha única e idolatrada, que não mora no Rio, filha do primeiro casamento, tinha sido hospitalizada sem diagnóstico por dois dias, até descobrirem um vírus. O marido que estava viajando teve de voltar às pressas para cuidar da esposa. Desde o dia anterior, felizmente, ela estava melhor e tinha voltado para casa.

- Mais alguma coisa ou você acha que, para uma semana, já foi de bom tamanho? Imagino o quanto isso deve ter abalado você!

- Puxa... foi uma semana angustiante. Não caberia mais nada aqui!

Peguei pesado:

- Então “toda essa agitação e falta de sono foram por causa dos florais”...

Ele abaixou a cabeça e sorriu:

- Você tem razão. Nem me dei conta...


Fizemos a consulta com aplicação de Reiki e ele saiu aliviado, levando seu vidrinho com florais. Não sei o que aconteceu em casa, mas a esposa me mandou um torpedo com os seguintes dizeres:


- A sessão foi ótima, ele está bem mais tranquilo. Bom Natal para você.

Respondi no mesmo tom, delicadamente.

Me aparece cada uma...

sábado, 8 de dezembro de 2012

O DETETIVE




Houve um tempo em que eu viajava muito para dar consultorias acadêmicas pelo Brasil. Era uma delícia conhecer novos lugares, novas pessoas, formas de educação diferentes,  por esses brasis afora. Isso se deu em finais da década de 90 e início do novo século.

De quebra, os anfitriões faziam questão absoluta de mostrar os “brincos” de suas cidades. Assim, conheci muitas delas pelas mãos de seus moradores e não como uma turista envolvida com panfletos e pressas descabidas de quem tem de descobrir o melhor em pouco tempo.

Algumas vezes, não dava tempo de passear. Tinha de voltar às pressas, para outros compromissos. Fui a Recife cinco vezes, por exemplo, e só consegui conhecer o aeroporto, o centro educacional e os trajetos que os envolvem. Foi preciso ir como turista, uma vez, para conhecer a Praia de Boa Viagem...

Mas, de modo geral, dava tempo para um bom convívio com os cidadãos. Belém, por exemplo foi uma ida muito proveitosa em todos os sentidos. E foi lá que conheci o primeiro porto transformado em área de lazer no Brasil... tomara que o do Rio fique tão bonito...

Mas voltemos à história que me fez escrever esse conto:

Fui a Florianópolis umas duas ou três vezes, para consultoria a professores e outros profissionais envolvidos com minha área de atuação. Como em todos os lugares em que estive, os contatos ficavam mais ou menos permanentes, com muitas orientações à distância. Naquele tempo, os mails não eram tão frequentes, mas os profissionais tinham permissão para se comunicarem por telefone ou eles mesmos tomavam essa iniciativa, quando necessitavam. Quase sempre ligavam para minha universidade, mas um ou outro profissional que eu percebia ser mais interessado, tinha o número de minha casa.

E foi assim que aconteceu.

Uma noite calma de verão carioca, lembro-me que voltava de um longo e delicioso passeio pela orla... cabeça tranquila de quem acaba de entrar em férias, após um semestre de muito trabalho e... de muitas consultorias.

O telefone tocou. Do outro lado da linha, uma voz tropeçada e engasgada começou a conversar comigo. No início, pensei que era trote, mas logo depois identifiquei uma das excelentes professoras da consultoria recém dada, em Florianópolis.

- Calma, fale mais devagar, o que você tem?

A voz, do outro lado, enrolada e esquisita, insistia numa comunicação impossível. Fiquei apreensiva, achei que ela estava passando mal e estava sozinha em casa. Pedi calma, mas a voz enrolada continuava a mesma até que... ouvi um som surdo e falta de comunicação total.

O telefone teria caído no chão ou a própria professora? E eu aqui, a quilômetros incontáveis de distância, sem saber o que fazer, sem outro número telefônico em mãos para ligar para alguma conhecida em comum!

Liguei para uma de minhas assistentes de projeto. Talvez ela tivesse o número de alguém. Negativo.  Liguei para o Centro Educacional. Atendeu o vigia da noite. Não sabia informar o número de ninguém! Liguei de novo para minha assistente, pois o marido é militar. Quem sabe, ele poderia me ajudar a fazer algum contato com alguém “oficial” de lá!

Na minha cabeça rodavam mil ideias! A professora estaria tendo um enfarto? Estaria desmaiada? Estaria precisando de algum socorro urgente? Apenas para a última pergunta eu tinha uma resposta: sim, com certeza, estaria!

O que fazer? O marido militar me aconselhou a ligar para a Polícia Militar de Florianópolis. Invoco o auxílio à telefonista e completo a ligação.  Do outro lado da linha, uma voz de poucos amigos pede o endereço do lugar para onde eu desejaria o socorro. Eu não tinha, só tinha o número do telefone (por sorte eu tinha!).

- A senhora é parente da vítima?

A professora já tinha virado vítima...

- Não. Apenas a conheço por ter ido lá a uma consultoria. Ela me ligou e algo caiu, não sei se o telefone ou ela mesma. Liguei de novo para lá e dá ocupado. Tenho certeza de que algo está muito errado e que ela precisa de ajuda urgente.

- Aconselho-a a telefonar para alguém que a conheça e que esta pessoa vá lá ver o que houve.

- Eu já teria feito isso se soubesse! Por favor, qualquer auxílio é imprescindível agora! Pode ser uma questão de vida ou de morte!

- Lamento, mas esse número de telefone não faz parte de nossa área de atuação. Não podemos fazer nada. Além disso, não tenho como saber o endereço.

- O senhor vai deixar por isso mesmo?

Minha voz, com certeza, pareceria esganiçada ou algo assim, pois eu estava simplesmente perplexa e me sentindo completamente impotente!

- Calma, minha senhora, a senhora já fez o que podia. E não há nada possível a fazer daqui.

Desliguei desesperada. Auxílio da telefonista de novo. Queria a Defesa Civil. Achei que seria a indicação certa, desta vez.

- Número do Corpo de Bombeiros de Florianópolis, por favor.

- Há vários, qual a senhora quer?

- Tem algum com um código que comece com esse número?

E dei o código de área do número que eu tinha.

- Não temos não senhora.

- Então, dê qualquer um!!!

Ela me deu um e liguei você pode imaginar como!!! Antes, já ligara de novo para a casa da professora e continuava dando ocupado. Com certeza, a mesma situação permanecia. Estaria viva? Eu já nem sabia o que pensar...

- Emergência do Corpo de Bombeiros, em que posso ajudar?

Contei a novela.

- Não tendo o endereço nada podemos fazer.

- Eu não acredito que vocês podem estar deixando uma pessoa morrer falando com essa calma! Alguma coisa tem de ser feita! Não posso eu mesma pegar um avião agora e ir achar o endereço dela aí para fazer alguma coisa. Por favor, só posso contar com vocês!

- Mas não podemos fazer nada, senhora. Nem sei se é da nossa área de atuação!

Queria xingar a mãe dele, mas o desespero nem deixou. Será que se fosse a mãe dele ele ficaria tão calmo e indiferente?

Desliguei o telefone. Liguei de novo para a professora. Nada... ocupado... andei pela casa como barata tonta... e... lembrei-me da Polícia Civil.

Se você leu o conto “O policial” sabe do que estou falando. Aliás, eu já tinha tido mais duas experiências positivas com a Polícia Civil – talvez conte um dia – e isso me inspirou.

Auxílio telefonista. Número da Polícia Civil de Florianópolis.

- Temos vários, senhora, qual a senhora quer?

Dei o  número que eu tinha, pedindo o mesmo código de área.

- Não temos nenhum.

E o tempo passando...

- Me dê qualquer um!

Ligo para a casa da professora. Ocupado. Você pode imaginar meu nível de estresse? Ligo para a Polícia Civil.

- Detetive (não me lembro do nome), em que posso ajudar?

Contei a novela.

- A senhora tem o endereço?

- Não, só tenho o número do telefone!

- Tem como conseguir o endereço com urgência?

- Não! Não tenho!

- Senhora, acalme-se um pouco, desligue o telefone, vá tomar um copo de água com açúcar, que vou tomar as providências necessárias e muito em breve lhe darei retorno.

Desliguei estupefata. O homem me mandou tomar um copo de água com açúcar e esperar! Estou pirando?

Fui à cozinha, não sabia o que fazer. Tomei o tal copo de água com açúcar. Ele estaria me enrolando e ficaria por isso mesmo?

Liguei para minha assistente. Falei com o marido.

- O que vamos fazer?

- Eulalia, daqui do Rio não há mais nada a fazer. Ele disse para esperar! Dê uns vinte minutos, ele disse que iria retornar!

Contei um dos “vinte minutos” mais longos de que posso me lembrar. Houve outros, em outras situações de vida, mas esses também me marcaram profundamente. Eu mal conhecia a tal professora, mas a situação era totalmente crítica e escapava ao meu controle. Eu nada mais podia fazer! Se o chão da minha sala fosse de terra, teria gasto, com certeza. Não conseguia parar de andar, não conseguia sentar.

Uns vinte minutos depois, o telefone toca.

- Sra Eulalia?

- Sim!

- Detetive (não lembro do nome). Estou ao lado da professora. Ela já está sendo socorrida, está bem.

- Como você conseguiu acha-la? Como conseguiu entrar? Como posso agradecer? O que ela tem?

Todas as perguntas amontoadas de uma vez só. Ouvi uma voz risonha do outro lado:

- Sou detetive, não sou? Ela está sendo socorrida, não se preocupe, logo estará bem.

- O que ela tem?

A gentileza e delicadeza do outro lado, me poupou da resposta:

- Não se preocupe, houve um pequeno desmaio, mas ela já está bem. Estou com uma vizinha, aqui ao lado, que tinha a chave da porta. Amanhã ela estará novamente em forma, foi mesmo só um mal estar.

Aproveitei a ressaca de toda a tensão e desabafei:

- Não é a primeira vez que a Polícia Civil me salva de um aperto. E você só me comprovou isso, mesmo sendo de outro Estado.

E desfiei todo o rosário de angústias que passei até chegar a ele. Em seguida, pedi:

- Quero seu nome todo, nome de seus superiores, endereço para enviar uma carta contando toda essa minha história.

- Não fiz mais do que meu dever, senhora.

- Eu sei, mas os outros também tinham um dever a cumprir e não o fizeram. Sei que, provavelmente, pode ter sido um desleixo de quem atendeu a ligação, comprometendo o bom nome da corporação em si, mas o fato é que não me ajudaram e nem a quem estava precisando de socorro!

Ele me passou os nomes solicitados, endereços e todos os dados necessários. No dia seguinte, fiz a melhor carta de elogios que já escrevia na vida e mandei.

Não me lembro do nome do detetive... até andei buscando a tal carta por aqui, antes de escrever o conto para resgatar o nome desse meu herói. Acho que não a tenho mais.

Onde ele estiver, no entanto, espero que esteja sempre protegido pela sorte e pelo merecimento de ter sido o anjo da guarda que me salvou num momento de desespero. Um anjo e um cavalheiro, pois, na hora H, me poupou de saber o real motivo do desfalecimento.

Não era coração, não era doença... nada disso. Motivo da voz enrolada e discurso desconexo: ela tinha tomado o maior porre da vida e caíra no sono, no meio da ligação.

E cismou de ligar logo para mim para desafogar suas mágoas. Me pegou no contrapé a quilômetros de distância, nesse imenso Brasil.

Mas o detetive, além de bom profissional, era um perfeito cavalheiro e me poupou dessa. Só fui saber dias depois, por outra professora, bem íntima dessa tal. E soube, também, da vergonha que ela mesma tinha ficado quando lhe contaram como o detetive chegou até ela.

E, evidentemente, nunca mais me ligou.

A gente passa por cada uma...