sábado, 27 de agosto de 2011

HOJE NÃO TEM CONTO


Hoje não tem conto. Conto por quê: estou de saída para reciclar uma parte do meu mestrado de Reiki, com meu mestre alemão Frank Arjava Petter (Arjava Sensei* ). Assim, substituo o conto por outras anotações, explicando por que vou me ausentar por três semanas:

Fiz o mestrado com ele, em 2004, em Buenos Aires.


Sete anos depois, também em Buenos Aires, onde ele estará repetindo o curso, achei que era hora de rever alguns aprendizados. Bilhete “smiles” em punho, alegria no coração, estou indo e só volto a tempo de emendar com outro curso no Rio. Ainda bem que é pertinho.

No próximo dia 07, meu mestre japonês, Tadao Sensei, estará no Rio, para onde também virá Arjava Sensei, para juntos nos darem os cursos de Jikiden Reiki, do qual já sou Shihan (instrutora).


Isso significa, em bom português, digo, “em bom japonês”, que vou não apenas assistir às aulas, mas participar dos trabalhos. E como ajudante de japonês (e de alemão) já prevejo quanto trabalho será esse, também atravessando os finais de semana... Por isso, quanto menos desgaste, antes do curso aqui do Rio, melhor. Quase desisti da viagem por causa disso!

Em suma, estarei longe das telinhas e das lembranças dos contos por três semanas.

Dia 17 de setembro, tem mais. Quem sabe, com alguma aventura vivida nesses dias.

Inté!

* Originária do Japão, “sensei” é uma expressão carinhosa e, acima de tudo, respeitosa que os alunos dão aos mestres que consideram muito bons e sábios. Geralmente são mais velhos, mas este não é um pré-requisito.

sábado, 20 de agosto de 2011

OI, GATINHA!


Fui professora de Cultura Clássica num conceituadíssimo colégio do Rio de Janeiro. Tudo aconteceu porque tive, na universidade, um aluno de grego que era monge e, portanto, sabia muito mais grego do que eu, após sete anos de seminário numa das ordens monásticas mais conceituadas do Brasil. Pois então: após o semestre de aulas, o aluno me convidou a dar aulas no tal colégio, já que ele se licenciaria e não tinha nenhum outro monge que pudesse substitui-lo naquele momento. Eu nunca pensara em dar cultura clássica no curso fundamental. Aliás, não há essa disciplina em qualquer curso fundamental no Brasil. Não que eu saiba. Este colégio, no entanto, tinha esse privilégio e seus alunos tinham (ou ainda tem, não sei) disciplinas de conhecimentos gerais que primam pela ousadia do currículo.

O fato é que acabei aceitando, mais pela aventura da experiência e, simplesmente, adorei!

Os meninos eram ao que corresponderia, hoje, ao último ano do ensino fundamental. Para a minha geração, quarta série ginasial, para a geração um pouco mais nova, oitava série. Meninos entre 15 e 16 anos, no máximo.

Como falar sobre Cultura Clássica para essa garotada, eu, acostumada a dar aulas em ensino universitário? Foi, no entanto, uma experiência magnífica, que contou com o total apoio do Reitor do colégio, um monge à altura da função, homem de mente avançada nesses aspectos, embora muito conservador em outros. O fato é que nos tornamos grandes amigos e, não raro, me via envolvida em longos papos em sua sala particular, apesar do meu pouco tempo disponível. O monge era bom de conversa e cultíssimo. Papear com ele era um brinde dos deuses. Sem contar que me deu carta branca para a montagem do curso. Carta branca, claro, apresentada a ele no final de cada planejamento, pois em colégios de padres e freiras, a democracia é sempre conferida pelo prior da ordem, no mínimo. Mas tudo bem. O homem era bem avançado e aprovava tudo. Por outro lado, como eu tinha sido de colégio de freiras, sabia muito bem como dourar a minha pílula para apresentar o meu conteúdo de modo que soasse bem a seus olhos e ouvidos, isto é, argumentando o porquê de cada conteúdo que lhe parecia muito leigo para os fins desejados.

Embora eu mesma tivesse planejado, o programa, no final, a meu ver, ficou puxadíssimo. Será que os meninos agüentariam? Ele me garantiu que sim e sugeriu que eu fizesse uma experiência. Que nível! Aguentaram, ou melhor, agüentamos, eles e eu, um ano bem apertado de muito conteúdo e mútua aprendizagem. Eles, de conteúdo, eu de lidar com os jovens. Mas foi uma adaptação fabulosa. No meio do ano, lá estava eu dividindo a turma em dois e fazendo gincana, em plena sala de aula, sobre o conteúdo da Odisséia. Alguma coisa de língua grega acabou entrando, principalmente, etimologia para entender melhor o português. Eu inventava coisas para atrai-los e se sentirem diferentes. Eles gostavam. Quando eu entrava em sala, os cumprimentava: kairete = oi, literalmente, “alegrai-vos”, em grego clássico, mas registro informal, bem no estilo do século IV a. C.. Eles correspondiam, em coro: kaire = oi, literalmente, “alegra-te”.

Assim, eles se sentiam únicos, em todo o colégio e eu ia conquistando o meu espaço. E viva a adolescência! Enfim, era uma festa. Saía exausta, após três turmas, duas vezes por semana, mas saía feliz. Como eu tinha mais de mil slides para mostrar, as aulas eram enfeitadas com muitas informações e muitos mitos. Eu tinha de inventar coisas que ajudassem a outras disciplinas e passava uma boa parte das aulas falando sobre o século VI a.C., quando a Grécia contemplou o mundo com muitas descobertas que foram o berço da ciência moderna. Eles aprenderam, em primeiro lugar, sobre essas grandes descobertas, que poderiam render juros nas aulas de ciências, matemática e história, para regozijo do Reitor.

Estava dando certo. Atravessamos, juntos, os séculos, até a época de Alexandre, o Grande, quando aprenderam, por exemplo, quem era Hipásia, uma matemática, única mulher que fez parte do grupo de estudiosos da Biblioteca de Alexandria. Coisas desse tipo. Confesso que tive de estudar muito para conseguir tantas novas informações, para mantê-los entretidos e atentos a uma disciplina no meio de tantas outras consideradas fundamentais ao ensino básico, como matemática, português, etc. Era mesmo um desafio, mas eu acho que conseguia mantê-los ocupados. E parece que gostavam, pois fui agraciada, mais de uma vez, em suas festas de formatura.

Eu queria que eles se lembrassem da Grécia para toda vida e tentava atrai-los com minhas artimanhas, comparando a literatura grega com a literatura brasileira, passando pelas outras disciplinas, tentando fazê-los caírem nas armadilhas como Cilas ou Caribdes, tentando enfeitiçá-los como Circe e atraindo suas atenções para heróis ardilosos como Ulisses e corajosos ou impetuosos como Aquiles. Lembrava-lhes a beleza da louríssima e bela Helena de Troia, comparando-a historicamente com a luta pelo dourado trigo cobiçado pelos gregos e tentava, de leve, encorajá-los a compararem estes mitos com as lutas comerciais dos tempos modernos. Acho que, de certa forma, consegui.

Essa era a parte acadêmica. O problema maior, no entanto, era mesmo o da disciplina. Afinal, eram cerca de 20 jovens, todos meninos e todos a mil, numa idade que ninguém segura esses hormônios! Ufa... e metidos a homens, claro!

Mas um deles era o que mais se destacava, não só porque parecia mais amadurecido, como também queria mostrar-se mais homenzinho. Um belo rapaz, de porte principesco, muito inteligente, sagaz, perspicaz. Um perigo para as meninas, decerto. Houvesse alunas no colégio, seria um desastre às avessas. Mas havia só meninos (ou há até hoje, não sei). O fato é que ele se sentia mesmo o máximo. Não fosse tão simpático, seria uma chatice. Mas era simpático. Um pouquinho esnobe, talvez como marca desse período adolescente, mas muito simpático. Assim, comportava-se com, digamos, uma certa superioridade sobre os demais, não entrando em brincadeiras tão comuns em classes dessa idade. Mostrava-se superior, como quem quer ser homem feito antes da hora. Eu olhava tudo isso achando certa graça, mas, é claro, levando muito a sério. Afinal, para adolescentes, essa postura exige mesmo seriedade e respeito. Assim, fui aprendendo aqui e ali, tentando ser gentil, sedutora, tentando equilibrar a disciplina ao consentimento, o mais que podia. Embora divertido, confesso que não era fácil. E com eles aprendi a ter muito jogo de cintura. Eu não tive filhos, o que mais dificultava a tarefa. Por outro lado, me fazia mais atenta... não me deixava vacilar. Seria a minha perdição.

De modo geral, no entanto, estava me dando bem, até que, um dia, apareceu o meu grande desafio: o tal rapaz, louco para se mostrar mais do que um simples jovem, passa pelo corredor e, ao me ver, cumprimenta:

- Oi gatinha!

Chi... essa eu não podia deixar passar. Afinal, era sua professora! O que fazer? Ele passou incólume, mas apenas por segundos. Eu o chamei. Enquanto ele voltava, eu não sabia, ainda, o que fazer. Ele estava entre a postura de homem e menino, desafiando minha reação. Eu não queria estragar a camaradagem, pois ele era o líder da turma. E eu já aprendera, há quinze anos antes, que não se bobeia com aluno líder. Você sabe disso, se leu o conto “Reginaldo”...

Mas, voltemos ao corredor: ele me pegara de saia justa. Eu teria de achar um limite. E rápido. E sem precisar pedir a ajuda de inspetores ou autoridades supremas, pois este é o caminho mais curto para você perder autoridade numa turma. Não sei qual deus olímpico me salvou. Mas a saída funcionou:

- Vamos fazer uma coisa: enquanto você for meu aluno, infelizmente, não poderá brincar comigo desse jeito. Depois que você passar de ano, tudo bem, ok?

Deu certo! Ele sorriu, acedeu com a cabeça e simplesmente respondeu:

- Tudo bem, professora, é justo.

Estávamos no final do ano, o episódio passou e me esqueci, completamente. Fui convidada como homenageada na formatura dessa turma e os vi, todos lindos, de terno, passando para o que chamávamos, na época, segundo grau, atual ensino médio.

No ano seguinte, lá estava eu lecionando para a turma seguinte, quando, de repente, o tal jovem passa pelo corredor, pára na porta da minha sala, diante de toda a turma e me cumprimenta:

- Oi, gatinha!

Que safado! Ele esperara meses para me fazer cumprir o trato. E não tinha saída, pois a postura tinha sido consentida por mim! Na frente de toda a turma, que me olhava para ver o que eu faria. Apenas me veio à cabeça responder:

- Oi, gatão!

Ele sorriu, a turma riu, eu desabei de alívio e tudo ficou por isso mesmo. Mas, todos os dias em que eu estava no colégio, o jovem arranjava um jeito de me interpelar com o mesmo cumprimento. Era uma auto-afirmação consentida. Coisas de adolescente. Um dia, o fato se deu junto ao coordenador geral do colégio, que era também o meu coordenador e foi bater nos costados do tal Reitor, que me chamou para explicações. Colégio de padre é assim mesmo. Tive de contar toda a história para o meu amigo Reitor. Rimos juntos, no final, e ficou por isso mesmo.

Os anos passaram, eu saí do colégio, em 1987, em decorrência de um concurso para uma universidade pública. Saí do colégio e também da tal universidade particular, onde ficara de 1974 a 1987.

Deixei para trás as boas lembranças de como uma educação esmerada pode ser dada a qualquer um, desde que haja vontade política. Aqueles jovens de 15 anos sabiam mais sobre cultura clássica do que muita gente adulta que eu conheço. E um tipo de cultura que poderia levá-los a uma prática para a vida. Foi mesmo uma experiência, digamos, inebriante. Exaustiva, mas inebriante. Boas recordações.

Um dia, uns vinte anos depois, eu estava saindo de um consultório médico, mais especificamente de meu otorrino e entrei num elevador super lotado. Entre os vários passageiros, um homem de terno estava acompanhado de um garoto de uns 10 anos. Chamou-me a atenção a gracinha de menino. Sorri para ele e não resisti a piscar os olhos, amigável. O menino sorriu. Não cheguei a levantar os olhos para o alto homem, que deveria ser o seu pai, até que ouvi a frase:

- Oi gatinha!

Ato reflexo, já sorrindo, respondi:

- Oi gatão!

O menino estudava no mesmo colégio do pai, que me informou ainda existir a tal disciplina, na mesma série pela qual o menino passaria anos após. Disse-me que sentia muito em não poder ser eu professora também do filho dele.

Nos despedimos amigáveis, sorridentes, saudosos...

Ele estava lindo vestido de pai! E eu estava linda, vestida de ex-professora.

sábado, 13 de agosto de 2011

A ILHA


Dei aula em Campo Grande, zona rural, como você sabe, se leu o conto “Reginaldo”.

Para quem mora em Copacabana, é bem longe. E, com os recursos da década de 70, parecia bem mais longe ainda.

Duas vezes por semana, eu saía da universidade às 12 e tinha de andar – andar, não, correr! - duas quadras em direção ao Aterro, em Botafogo, para pegar um ônibus que passava às 12:10, 12:15, no máximo. Mas a rotina acabou por fazer o motorista já saber que eu estaria lá e, muitas vezes, eu avistava o ônibus ainda longe do ponto, eu ainda chegando. Mas sabia que ele pararia e abriria a porta para mim. Era uma reta só: da sala de aula para o assento do ônibus, sem parar. Dali abria um pacotinho de biscoito (quem se lembra do Mirabel de chocolate?) e era o meu almoço. Saía muito cedo de casa, não dava tempo para fazer uma “marmita”.

Uma hora e vinte minutos separavam a zona sul do Rio, com praias belíssimas e cheiros de conforto, da pobre zona rural onde ficava a escola. A distância física confirmava a diversidade cultural, inclusive lingüística, dos alunos. Eu ia pensando nisso, no “quentão”, que era como chamávamos este ônibus, porque era igualzinho aos que chamamos de frescões, só que sem ar condicionado. Mais uma marca da diversidade, do disparate de tratamento para quem vai para a zona rural. Preconceito, descaso social, embora o preço não fosse tão menor assim. Hoje, isso mudou e todos são frescões, ou melhor, vamos admitir: gelões! Não sei por que esse exagero de frio. Os preços se equipararam e é escolher mesmo entre eles e o serviço de trens, que todos nós conhecemos ou já ouvimos falar...

Mas voltemos à ação: o veículo ia ladeando as praias de Copacabana, Ipanema, Leblon, São Conrado, até pegar a estrada que levava a Campo Grande, pela Barra da Tijuca. O trajeto era bem agradável e inspirava a meditação sobre a transição entre a cidade rica e a cidade pobre. A chegada ao subúrbio se fazia mais brusca, depois de tanto requinte e beleza. E me preparava para a transição entre as aulas da universidade e uma turma de alunos do subúrbio, do ensino fundamental, mais velhos do que seria natural para aquele período escolar e... repetentes.

Pensava na diversidade lingüística, nas influências dos falares... o trajeto díspare ajudava minha postura nas aulas, minha passagem entre o grego clássico e a comunicação oral e escrita, que era como denominavam as aulas de português, no ensino fundamental da época.

Meu olhar perdido nesses pensamentos me acordava para os últimos vinte minutos do trajeto, quando passava pela placa “Ilha”. O que havia de lingüista em mim, despertava, sempre, neste ponto. A placa me sinalizava, automaticamente, duas coisas: a primeira, me despertava do devaneio, para me concentrar mais nas aulas que daria naquele dia. Nesses vinte minutos, refazia, em pensamento, o planejamento que havia preparado para as três turmas daquele dia. Mas havia outra coisa: no meio daquele mato todo, de zona rural, que ilha seria aquela? Onde encontrar água suficiente de rio, lago ou até, quem sabe, mar, para criar uma ilha no meio daquele matagal rural? Isso sempre me prendia o pensamento. Um dia planejava descer para conhecer que tal ilha seria essa...

Mas nem foi preciso. Num dos intervalos de aula, já mais ambientada na escola, acabei por perguntar a professores que moravam por ali:

- Que ilha é essa que tem lá embaixo, no trajeto do ônibus que vem para cá?

Uma gargalhada respondeu a minha pergunta. Fiquei com aquela cara de parede, entre curiosa e envergonhada. Eu teria dito alguma besteira? Revi minha pergunta. Era digna e justa de alguém que não conhece o lugar. Luisa, a mais doce entre as colegas, me respondeu finalmente:

- Não tem ilha nenhuma, é nome dado pelo povo, há mais de um século atrás, ainda no tempo dos escravos. Toda aquela região era uma fazenda de um inglês chamado William. Os escravos e o povo, não conhecedores da língua o chamavam de “Senhor Ilha”. Mais tarde, não sei bem por que - talvez o dono tenha morrido - a fazenda acabou virando terra de ninguém. O nome da região assumiu o nome do dono da terra e ficou.

Diversidade lingüística, falares...

A partir de então, todas as vezes que eu passava pela placa "Ilha", já não conseguia mais rever meus planos de aula... meu coração vibrava em sintonia com o povo e ficava dando voltas em meus aprendizados de vida...

sábado, 6 de agosto de 2011

TRÊS


Tive muitos amores. Não posso me queixar da vida por falta disso. Guardo-os nas lembranças do meu coração. Guardo, especialmente, um anel e uma flor...

Nenhum deles, no entanto, substituiu o outro, porque a vida, em suas etapas, guarda espaço para tudo. Ri e chorei. Mas como o número três sempre me marcou, separo três, não que sejam os mais significativos, mas entre os que conviveram comigo por mais tempo.

O primeiro jurou que me amava. Me chamava de “anjo”, de “flor”, de “mô”, de “vida”,

mas botava tanto defeito em tudo que eu fazia, bagunçava minha vida de tantas formas e jeitos, se esquecia das minhas delicadezas com tanto esmero e freqüência, que chegou uma hora que não consegui mais respirar e desisti;

O segundo dizia que me amava,

mas enrolou tanto o tempo em torno de si mesmo que acabei me exaurindo de tanto só “cuidar” e desisti;

O terceiro chegou manso, sem dizer nada e foi entrando tão devagar, tão disfarçado de “quem não quer nada querendo tudo” que nem percebi. Eu já estava vivida e satisfeita, plena, completa, inteira. E por isso mesmo, me pegou desprevenida. Quando disse que me amava, eu já estava enroscada em seus abraços, entregue, bebendo do doce veneno de uma convivência que não mais planejara.

Ele não me pediu nada, mas me deu tudo que eu queria: a paz do corpo e da alma e dizia que eu lhe dava tudo que ele mais precisava: meu sorriso calmo e doce. Inebriada pelo enlevo de querer e ser querida como ninguém, lhe dei minha mão, meus braços, meus olhos, meu coração. De brinde, levou todo o resto, entregue despercebidamente, no cotidiano de querer bem.

Foi-se. Não porque ele quis, não porque eu quis. Foi porque foi. Porque a vida fez assim. Mas sua lembrança singela e doce e meiga e branda marcou minha alma e meu coração.