sábado, 29 de janeiro de 2011

MAIS UM TIQUINHO (Alemanha 3)


Não resisto a falar mais um pouquinho da Alemanha. É natural: foi o país que mais visitei na Europa, por conta das já citadas lojas de trens. Assim, os contos da Alemanha são contos de rua, de minhas perambulações por lá e sorrio a cada vez que me lembro de uma passagem...

Lembrei-me outro dia, de mais uma cortesia muniquenha, dessas que contam como a do funcionário do metrô, que me arranjou aquele mapa sem tamanho, a que já me referi no conto "Preconceito". Nesse outro dia, como sempre passeando pela cidade, buscava recantos não visitados, ruas e ruelas por ali, perto do hotel, pois já estava no final do dia. Havia umas lojinhas de souvenirs e, mais adiante, uma vitrine com um belíssimo enfeite. Na verdade, um jogo de xadrez: as pedras brancas com caricaturas de portugueses



e as negras, com caricaturas africanas.



Preconceitos descortinado à parte, tenho de confessar que estava muito engraçado. Coisa bem humorada. Evidente que não me interessava comprar. O motivo, em si, não me atraía, haja vista o preconceito refletido em cada peça, mas... gostaria de fotografar. Tirei uma ou duas fotos e ao levar a máquina ao rosto, novamente, tentando um ângulo melhor, um dos vendedores segurou a minha mão. Assustei-me como uma menina pega em flagrante. Pensei que me repreenderia, com aquela cara séria e compenetrada por não ser permitido fotografar. Mas não. Ele simplesmente abriu a vitrine, me dizendo para fotografar sem o vidro. Havia percebido que o reflexo estava atrapalhando a foto...

Em Colônia vivi uma tarde de encantamento sem tamanho. A peça de resistência da cidade é, evidentemente, a Catedral. Uma catedral tão imensa que não coube em minha máquina fotográfica, ao fitá-la da praça.



Apesar de sua grandiosidade, o que mais me chamou a atenção foi mesmo o clima da cidade. Que delícia! E perambular pelas ruas é que me trouxe a tal aventura sem par, inesquecível. No verão, é comum aos jovens fazerem apresentações nas ruas para arrecadarem o suficiente para poderem viajar de férias. Colocam o chapéu ou estendem um pano na calçada, tocam,



cantam, dançam, fazem mágicas, vale tudo.



As pessoas param e as assistem em silêncio(!!!). Se são bons, batem palmas e pagam pelo espetáculo... teatros ao ar livre. Típico de cidades européias, não apenas na Alemanha.

Pois bem... andando por aqui e ali, ouvi ao longe o ritmo bem nosso conhecido da bossa nova e fui me aproximando... som de violão. Mas o músico era chileno e cantava “Garota de Ipanema” em castelhano, aliás, com uma voz contestável e errando muito a letra. Quando jovem, eu fora do coral do colégio e, diga-se de passagem, tinha voz bem afinadinha. E... adorava cantar. Não resisti. Estava sozinha, felizmente, pois meu “ex” jamais agüentaria presenciar um “mico” desses. Estaria, naturalmente, enfurnado em suas lojas de trens.

Sentei-me ao lado do músico e comecei a cantar. Anonimamente, meu lema era me divertir. Ele calou-se e passou apenas a tocar. E ali estavam dois puríssimos amantes da música brasileira, sem dúvida. Ele tocou muito, eu cantei tudo que sabia de bossa nova, de música popular brasileira. Como se fossemos um par que ensaiara dias seguidos, emendamos várias músicas. Seguíamos o mesmo compasso. Eu estava tão feliz, que sequer me dei conta do público. Cantava a saudade repentina de meu delicioso Brasil. Ele concretizava, em seu violão, sua admiração pelo país irmão. Ficamos embevecidos e não sei quantas músicas apresentamos e por quanto tempo o fizemos. Estávamos mesmo nos divertindo! Quando paramos, fomos aplaudidos e seu chapéu estava abarrotado. Paramos de vez e as pessoas se dispersaram. Ele queria por tudo do mundo, dividir sua arrecadação comigo. Fiz ver que estava ali para me divertir e que ele tinha me dado momentos inesquecíveis para meu diário de vida, meu minuto anônimo de glória! Felicidade pura. Custou a convencer-se, mas acabamos por nos despedir como amigos de infância.

Acho que citaria, sem fim, aventuras por minhas numerosas viagens à Alemanha... uma Alemanha colorida e, como lhe disse em outro conto, tão diferente dos meus filmes de adolescência...

Mas... não vou me subtrair de contar também minha ida a Berlim Oriental. Um dia falo sobre isso, numa visita dos tempos em que o muro ainda existia. Argh!... Mas vale a pena, pela aventura que também vivi por lá...

sábado, 22 de janeiro de 2011

SILVIO


Silvio apareceu no hall do hotel exatamente no horário combinado.

Eu fora a Salvador para apresentar um trabalho em um congresso. Tínhamos, então, combinado um encontro na véspera de meu retorno ao Rio.

Silvio enfeitava meus pensamentos há alguns meses. Mas é preciso explicar, primeiro, quem é Patricia, peça fundamental nessa história.

Ocorre que Patrícia é a irmã que a vida se esqueceu de fazer nascer da mesma mãe. Então, para remendar a falha de execução do projeto, a vida consertou o tecido dessa teia, fazendo com que Patricia aparecesse lindinha e jovem (cinco anos mais nova do que eu), como minha aluna de Letras, na década de 70, se não me engano. Ela, com certeza, me corrigirá se estiver errada. Mas acho que foi nos anos 70 mesmo, pois ela deveria ter em torno de 19 e eu 24, bem no início de minha carreira.

É preciso dizer que Patrícia pertencia a uma das minhas primeiras turmas, na primeira universidade em que dei aula. Por sinal, a mais querida e inesquecível. A tal de Português-Inglês, do conto "O Cresta". Outras turmas vieram, na universidade pública, muitos anos depois, mas, nessa universidade, este grupo de jovens teve, com certeza, um destaque especial.

Como Patricia, muitos de meus alunos se transformaram, com o tempo, em minha família. A vantagem da família social é que ela vai se compondo aos poucos, aos sabores e dissabores da vida. Quando você vê, estão todos ali, com o correr dos anos. São tão amados que seus sangues, com certeza, correm em minhas veias ou, pelo menos, seus corações pulsam no meu.

Patrícia, sem tirar nem por, é a irmã que se fez no decorrer desses últimos trinta e poucos anos, com a graça das flores campesinas, a vitalidade e a fortaleza do carvalho, a flexibilidade e a canção noturna dos bambuzais ao vento. Poesia e prosa visitam nossas conversas sobre a vida nas suas mais variadas facetas. E Patricia, com certeza, longe de ser minha ex-aluna, sabe olhar nos meus olhos e dizer: “amiga...” e descarregar as palavras mais certeiras e eficazes que meus ouvidos e coração precisam ouvir, nos momentos mais desesperados da minha vida. Tudo com a clareza objetiva da mente aguda e perspicaz que povoa essa tão indescritível criatura. Pura lógica, mas, também, puro coração.

Não posso falar sobre Patricia. Ela mesma sabe muito bem falar sobre si mesma, em seus contos e poesias. Gostaria de dizer o que ela é, de descrevê-la, de desfiar as contas de um rosário de luz cristalina e pura. Mas seria apenas pintá-la e você não poderia sentir o sangue que corre em nossos corações. Então, deixemos como está, frisando apenas que por muitos anos vivemos distantes, mas que isso não fez a mínima diferença. Onde quer que ela estivesse, se precisasse de mim, estaria lá. A terra é apenas um sonho. Os países são apenas distâncias transponíveis pelo amor. E nos encontrávamos sempre, pois Patricia não era gente de deixar de vir ao Brasil. Eu, tampouco, deixaria de ir vê-la às pressas, se preciso fosse, ou apenas para curtir sua companhia, como já fiz, sempre que a vida pode me brindar com esse presente.

Mas parece que deixamos Silvio lá, em pé, no hall do hotel, enquanto eu contava essa história toda. Voltemos a ele.

Contar como Silvio e Patricia se conheceram não me cabe. Mas cabe dizer que os dois formam um casal super interessante. Gosto de vê-los juntos, depois de tantos anos de revezes, que os contos de Patricia saberão descrever melhor do que qualquer narrativa da minha parte.

Por hora, cabia-me conhecê-lo, na época morando em Salvador, enquanto Patrícia morava no Rio. Eu queria ver quem era, conferir se a vida tinha pregado uma peça ou se ele valia mesmo a pena. Afinal, como irmã mais velha, eu estava de olho nos pretendentes de Patrícia... não que isso fizesse lá muita diferença e muito menos que eu fosse me meter em qualquer das histórias de minha irmã, a quem amo sem condições. Mas que eu estava atenta e curiosa, lá isso eu estava.

Soube, muito mais tarde, que Silvio fora me buscar cheio de recomendações. Para onde me levar, o que eu comia o que eu não comia, que gostava de dançar, enfim, a receita de ser um anfitrião à altura. Como bom geminiano, no entanto, Silvio parecia muito tranqüilo, ali, em pé, sorridente quando me viu. Parece que adivinhou quem eu era ou decorou o meu retrato para me reconhecer. O fato é que ele se dirigiu a mim, tão logo atravessei o hall em busca de alguém a minha espera. E olha que o hall estava cheio. Como bom engenheiro, no entanto, ele deveria ter calculado que era eu e veio logo me abraçar, salpicando um beijo gostoso no meu rosto. Não vou me esquecer dessa primeira impressão.

Palmilhamos alguns lugares noturnos da cidade, como o Pelourinho, por exemplo, naquela noite de verão suave e brando. Depois, ele resolveu me levar a um lugarzinho, cujo simpático nome me esqueço. Bode Beer ou coisa assim. Sei que não mais existe. Ali, serviam, segundo ele, uma deliciosa carne de bode. Isso mesmo, carne de bode, já ouviu falar? Estávamos em 1996 e eu ainda comia carne, naquela época. Mas, como sempre, enjoadíssima para comer. Eu acho que ele já tinha sido doutrinado para isso e me garantiu que tinha outras coisas lá, como saladas e que eu poderia apenas experimentar, se quisesse, só para saber como era. Até porque o ponto alto do lugarzinho era o fato de podermos dançar o tipo de música que ele sabia que eu gostava. Imagine, o moço era também dançarino. Hum... muito bom.

O fato é que eu comi a tal carne de bode, parece que a coxa, de cujo gosto não me lembro, mas que achei muito boa. Dançamos muito, conversamos sobre tudo. Ele havia me buscado às 20 horas e ficamos por ali até as 4 da manhã. Eu, jeitosamente, abri um inquérito para saber o que ele fazia, como era, como não era. Afinal, tratava-se de um possível futuro cunhado, mas, antes de tudo, de um possível co-responsável pela felicidade de uma irmã. Assunto não faltou e Silvio não deixou a peteca cair em nenhum instante. Decididamente, mesmo diante de minha lupa aguçada, ele parecia servir.

Por certo ele sabia o quanto Patricia e eu éramos próximas, mas suas atitudes demonstravam a segurança de um príncipe. Eu, por meu lado, não deixei barato. Não dava nenhuma dica do que estava achando, embora estivesse encantada. Afinal, era apenas a primeira impressão e eu não sou apressada em julgamentos, quer bons, quer maus. Ele estava ali, tranqüilo, sem mexer uma palha de suspeita de ansiedade. E isso lhe dava uma nota à parte.

Mas... ah, puro engano! Às quatro da manhã, como eu estava só de papo, ele não agüentou:

- Ok, tudo bem. Mas que nota você dá?

Foi aí que percebi o quanto, para ele, minha opinião era importante. Por dentro, sorri, mais seduzida ainda, mas não me fiz de rogada. Olhei para ele, sorri ligeiramente, pensei um pouco e respondi:

- Sete.

Se havia alguma coisa que faltasse em mim para que Silvio me conquistasse, esse pedaço se entregou por inteiro com a sua resposta:

- Ah, não! Peço revisão de prova!

Arrancou-me, com certeza, uma gostosa gargalhada e, então, eu respondi:

- Tá bom, nove.

- O que faltou para o dez? retrucou ele, fazendo uma espécie de bico. Segurei sua mão, encantada, mas me mantive firme, embora sorridente:

- Dez só dou para Patrícia.

- Tá certo, você ganhou. Mas... por enquanto.

Sempre dou nove para Silvio. É quase uma senha de nossa grande amizade, esse cunhado-irmão, essa gracinha de pessoa que Patrícia fez atravessar o meu caminho.

sábado, 15 de janeiro de 2011

ÁGUA DURA EM PEDRA MOLE...


O que dizer que possa fugir ao senso comum... que inaugure palavras que possam ser lidas ou ouvidas com som de esperança? O que dizer daquilo que todos nós já sabemos a respeito de todos os ditos e não-ditos, promessas e dívidas, promessas e dúvidas?

De 1957 a 1958, eu morei no Engenho de Dentro... e todas as vezes que chovia, eu me lembro que a rua já ficava completamente tomada pela lama que vinha do morro ao lado...

Que esperança poderei ter de escrever um conto, um dia, dizendo que fotos como essa, sejam apenas uma lembrança do passado?

O que dizer que possa ser muito mais do que apenas "virar um provérbio pelo avesso"?

Obs.: Foto de Marino Azevedo - Divulgação: notícias.terra.com.br

sábado, 8 de janeiro de 2011

O HOMEM DE TERNO


Eu acho que às vezes, meu anjo da guarda se concretiza. Não pode me ajudar lá do outro lado, então toma a forma humana, vem e me salva. Já contei a você, no conto "O policial", o episódio de Francisco, o policial louro em cujo carro bati, num dia de chuva fina, em frente à Central do Brasil, tarde da noite. Hoje fico pensando se ele era louro ao acaso ou se o anjo é que era louro, como nos quadros das igrejas barrocas e, na pressa de me proteger, se esqueceu de se vestir como um autêntico brasileiro de raça misturada e ginga carioca.

Pois então... toda vez que esse anjo me aparece, nunca se lembra de que estamos no Rio de Janeiro... e, desta vez, veio de terno, imagine, e, de novo, por conta de uma batida de carro. Um taxi me pegou de banda, ele avançando o sinal.

Aqui se faz, aqui se paga. No dia do policial, eu avancei, neste dia fui “avançada”...

Novamente, em torno das 23 horas, eu, outra vez, voltando da universidade e vindo pela Rio Branco, em busca do Aterro. Sempre gostei de voltar pelo Aterro. Não sei por que me sinto mais segura ali do que vindo por dentro, pelas ruas com tantos sinais, curvas e imprevisíveis transeuntes. Nem sei se é por isso ou pelo fato de eu adorar o Aterro, lindo a qualquer hora do dia ou da noite. Quem sabe... talvez os dois. Pois bem, eu estava bonitinha seguindo o sinal verde, em plena Cinelândia e o taxi me pegou desprevenida, de banda. Quando percebi que ele avançava, em vez de frear eu acelerei e foi a sorte. Me pegou de quina, na parte traseira. Mais um pouquinho e eu teria conseguido escapulir da trombada, mas não teve jeito, bateu mesmo.

O pior é que o taxista, erradíssimo, saiu do carro todo prosa, botando banca, dizendo que eu estava errada. Mas não adiantou. Tinha testemunha dizendo que ele tinha avançado. Sem saída, ele foi entrando no carro, afirmando, então, que essas coisas acontecem e que cada um ficasse com o seu prejuízo. Eu reagi, imediatamente (nem sei como!) dizendo que queria perícia. O homem emplumou-se. Avançou dizendo que iria chamar a polícia. Com isso, talvez quisesse me assustar. Redargui dizendo que polícia era mesmo o que eu queria àquela hora da noite. Só poderia me ajudar. As pessoas juntando e, claro, os que não tinham visto o acidente dizendo que mulher na direção dá mesmo problema. Outros diziam que o culpado tinha sido ele mesmo, desta vez. Uma fofocada à parte, de quem não quer ajudar nada, mas fica por ali, ciscando o conflito.

Foi então que ele apareceu. De terno, gravata e tudo, dirigiu-se em voz pausada para o motorista:

- Você disse que iria chamar a polícia? Faça-nos este favor, pois economizamos tempo. Aproveite e chame a perícia também.

- Quem é você?

- Estou com ela.


Colocou a mão no meu ombro:

- Querida, entre no carro, fique tranqüila. Deixe que eu resolvo.

Pensei logo em cantada, mas fiquei bem quieta. Que fosse. O importante é que estava me salvando daquele bando de homens que rodeavam o carro, em plena Cinelândia, que não é o melhor lugar para se arranjar um tumulto desses, ainda mais àquela hora.

Assim posta a coisa, as pessoas começaram a se dispersar e o motorista não teve outro jeito senão o de esperar pela perícia. O cavalheiro conversava comigo na maior intimidade, coisas do cotidiano, como se fôssemos mesmo um par. Vez por outra, me piscava um olho malandro de quem está se divertindo, em vez de só ajudando.

A perícia chegou, melhor, a polícia e logo após a perícia. Só depois de tudo resolvido e com o motorista dispensado é que nos apresentamos: ele estava numa daquelas boates, esticando o happy hour, quando ouviu dizer que uma moça (quanta gentileza!) tinha batido num motorista de taxi e estava sozinha, meio exposta à chacota das pessoas, tentando se defender, no meio da homarada (esqueceu de assinalar que faltava pouco para eu ter um treco de medo!). Saiu para ver e percebeu logo o meu aperto. Viu quem era quem e tomou o meu partido. Daí por diante, eu sabia da história.

Descobri ali mesmo que não era uma cantada. Era pai de dois lindos filhos e tinha uma linda mulher, pelo que vi em seus retratos na carteira. Mostrou-me vaidoso a covinha do filho mais velho, igual à covinha da mãe. As crianças e a mãe estavam de férias, na casa da sogra. Ele, então, curtia a noite e já estava bebendo uma saideira com os amigos, quando tudo aconteceu.

Esticou a mão para mim, despedindo-se gentilmente. Meu agradecimento estava no aperto de minhas mãos, no meu olhar, na minha voz. Ele tinha deixado seus amigos para vir se aborrecer por alguém que ele nunca vira e...

Ele apenas me respondeu:

- Que nada, foi um prazer... eu até me diverti. Lembra da cara que ele fez quando eu cheguei?

Eu não me lembrava. Aliás, sequer conseguia me lembrar da cara do motorista, tal o susto por que passara ao me sentir ali, sozinha, tentando enfrentar a situação. Mas, por delicadeza, concordei e sorri. Agradeci mais uma vez. Ele ainda gracejou comigo dizendo para eu ir para casa direitinho e esperou que entrasse no meu carro e ligasse o motor. Dirigiu-se para a calçada, enquanto eu me afastava desacreditada do que estava acontecendo. Ainda pude ver seu vulto afastando-se, pelo retrovisor.

Meu anjo de terno desapareceu na noite carioca, sem que eu tivesse tido a oportunidade ou a idéia de perguntar o seu nome. Mas jamais desapareceu dos espaços de gratidão que guardo em um lugar bem especial do meu coração.